Atualizada às 09h22
Com 51,34% dos votos apurados em Honduras, a candidata Xiomara Castro é a virtual presidente eleita do país. Castro concorreu à Presidência pelo partido de esquerda Liberdade e Renovação e é esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto em 2009.
Até o momento, Castro lidera em primeiro lugar, com 53,6% dos votos. Em segundo lugar, está o governista e prefeito de Teguicigalpa, Nasry Asfura, do Partido Nacional, com 33,8%, seguido por Yani Rosenthal, do Partido Liberal, com 9,21%. Treze candidatos concorriam nestas eleições. No país, a disputa eleitoral ocorre em turno único, ou seja, vence quem fica em primeiro lugar.
No final da noite deste domingo (28/11) em Honduras (madrugada da segunda 29/11 no Brasil), Castro falou a apoiadores e se declarou vencedora do pleito. Com a confirmação definitiva, que deve sair nos próximos dias, ela se tornará a primeira mulher a ocupar o cargo mais poderoso do país.
Xiomara Castro: ‘Ganhamos!’
“Ganhamos! Porque hoje o povo se manifestou e fez valer esta frase: ‘só o povo salva o povo'”, disse Castro, que já havia se candidatado ao cargo em 2013, perdendo para o atual presidente, Juan Orlando Hernández.
“Nunca mais haverá abusos de poder neste país (…) Vamos por uma democracia direta e participativa e, hoje, estendo a mão a meus adversários. Vou chamar um diálogo a partir de amanhã com todos os setores da nacionalidade hondurenha para que possamos encontrar pontos de acordo que nos permitam encontrar as bases mínimas para um próximo governo”, afirmou.
“Quero dizer ao povo hondurenho que todas as promessas que fizemos, tenham a segurança e a confiança de que vamos cumpri-las, não vamos descansar um minuto, vamos dar nossa alma, vida e coração a poder garantir uma pátria diferente, uma pátria justa e equitativa, uma Honduras livre. Vamos a um diálogo permanente com o povo hondurenho e vamos sentar-nos e encontrar-nos não só com empresários, mas também com líderes internacionais para achar as respostas de que este país precisa. Vamos construir uma nova era, juntos e juntas”, disse.
Participação histórica
Mais de 3 milhões de hondurenhos, 62% do eleitorado, compareceram às urnas neste domingo. Uma “participação histórica”, descreveu Kelvin Aguirre, representante do CNE, na abertura da conferência que comunicou os resultados preliminares. “Felicitamos o povo hondurenho, que demonstrou hoje que podemos construir nosso futuro”, disse na ocasião.
De acordo com o órgão eleitoral do país, as votações para eleger o sucessor do atual presidente Juan Orlando Hernández, além de 128 deputados do Congresso Nacional, 20 do Parlamento Centro-Americano e 298 prefeitos, ocorreram com tranquilidade.
“Há um fluxo significativo de eleitores, o que nos deixa muito satisfeitos, fico feliz em saber que há interesse em votar”, declarou Ana Paola Hall, representante do CNE pouco depois do fechamento das urnas.
Xiomara Castro/Twitter
Xiomara Castro é a virtual presidente eleita de Honduras, mostra apuração
O pleito iniciou às 7h (10h, em Brasília), e se estendeu até as 17h (20h, em Brasília). Uma lei eleitoral aprovada pelo Congresso em 21 de maio deste ano estabeleceu que todas as pessoas que estivessem na fila da votação no horário do fechamento poderiam exercer o sufrágio. Depois das 17h foram registradas filas em alguns locais de votação pelo país.
Ainda segundo o CNE, ao longo do dia ocorreu uma queda no servidor do órgão eleitoral, e uma investigação está sendo feita para averiguar se houve um ataque cibernético à entidade. O Conselho também pediu que os candidatos e partidos não divulgassem declarações de vitória antes do resultado oficial, lembrando que essa postura viola a lei eleitoral do país.
Na manhã deste domingo, no entanto, o Partido Nacional, de Asfura, declarou que a sigla estava ganhando em várias regiões do país. Já ao final do dia eleitoral, Manuel Zelaya, marido de Castro, afirmou que a “aliança de oposição” havia ganhado.
Cenário eleitoral em Honduras
O cenário eleitoral em Honduras é marcado por violência e instabilidade, desde que, em 2009, o presidente Zelaya foi deposto na mira de fuzil dentro do palácio presidencial após propor alterar a Constituição hondurenha de 1982, que vedava a reeleição de um presidente para um segundo mandato.
Na época, o então mandatário foi enviado à Costa Rica sob acusação de “desobediência constitucional”. No primeiro mandato de Hernandez, atual presidente, a Justiça autorizou a modificação na matéria constitucional e liberou a reeleição.
Em 2017, durante a apuração de votos para decidir o próximo mandatário do país, a contagem apontava uma liderança de Salvador Nasralla, oposição de Hernandez, e atual candidato a vice-presidente na chapa de Castro. Um apagão, no entanto, interrompeu a apuração, e quando a contagem retornou, o presidente em exercício havia sido reeleito, o que foi apontado como fraude por parte da população.