O Partido Nacional, atualmente à frente do governo de Honduras, reconheceu, nesta terça-feira (30/11) a vitória da candidata opositora, do Partido Liberdade e Renovação, Xiomara Castro e, consequentemente, sua derrota frente ao Executivo nacional.
Até o momento, cerca de 52% das atas já foram apuradas e Castro, candidata da esquerda no país, já conta com mais de 53% dos votos, enquanto Nasry Asfura, prefeito de Tegucigalpa, tem cerca de 34%, o que representa quase 20 pontos percentuais de diferença entre eles.
“Hoje você pode ver o clima de paz e tranquilidade que existe no país, embora o Partido Nacional não tenha sido eleito para chefiar o governo”, disse o secretário do Comitê Central, Kilvett Bertrand, à mídia local. “Desejamos o melhor sucesso àqueles que venceram as eleições”, acrescentou.
Com sua eleição, Castro, que é esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto em 2009, torna-se a primeira mulher a governar o país.
Os resultados preliminares, divulgados horas depois do fechamento das urnas no domingo, às 20h (23h, em Brasília), já indicavam vantagem da candidata. Ainda naquela noite, Castrou falou a apoiadores e se declarou vencedora do pleito.
“Ganhamos! Porque hoje o povo se manifestou e fez valer esta frase: ‘só o povo salva o povo'”, disse, tendo já se candidatado ao cargo em 2013, perdendo para o atual presidente, Juan Orlando Hernández.
Xiomara Castro/Twitter
Cerca de 52% das atas já foram apuradas, e candidata do Partido Liberdade e Renovação está quase 20 pontos a frente de seu oponente
“Nunca mais haverá abusos de poder neste país (…) Vamos por uma democracia direta e participativa e, hoje, estendo a mão a meus adversários. Vou chamar um diálogo a partir de amanhã com todos os setores da nacionalidade hondurenha para que possamos encontrar pontos de acordo que nos permitam encontrar as bases mínimas para um próximo governo”, afirmou.
O cenário político no país é marcado por violência e instabilidade, desde que, em 2009, o presidente Zelaya foi deposto sob a mira de um fuzil dentro do palácio presidencial após propor alterar a Constituição hondurenha de 1982, que vedava a reeleição de um presidente para um segundo mandato.
Na época, o então mandatário foi enviado à Costa Rica sob acusação de “desobediência constitucional”. No primeiro mandato de Hernandez, atual presidente, a Justiça autorizou a modificação na matéria constitucional e liberou a reeleição.
Em 2017, durante a apuração de votos para decidir o próximo mandatário do país, a contagem apontava uma liderança de Salvador Nasralla, oposição de Hernandez, e atual candidato a vice-presidente na chapa de Castro.
Um apagão, no entanto, interrompeu a apuração, e quando a contagem retornou, o presidente em exercício havia sido reeleito, o que foi apontado como fraude por parte da população. Na ocasião, o governo reagiu com repressão policial, deixando mortos e feridos.
(*) Com Telám.