A Cúpula do Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes de 12 países da América Latina, firmou um compromisso após o encerramento do sétimo encontro, realizado na Cidade do México, apresentando um documento final sobre o “modelo de desenvolvimento solidário para a região”.
A sétima reunião com compromisso pelo ‘desenvolvimento solidário’ encerrou na última quarta-feira (01/12) com a declaração afirmando que o Modelo de Desenvolvimento Solidário é articulado em torno de seis eixos: “a superação das desigualdades sociais, a busca de valor, uma nova política econômica, a transição ecológica, a integração como construção da região e um novo quadro institucional democrático”.
O documento também explica que os membros do Grupo Puebla se reuniram “para confirmar nosso compromisso com propostas enquadradas em valores progressistas” frente ao que chamam de “difíceis circunstâncias que a América Latina e o Caribe estão passando, não só em termos de saúde, mas também devido à grave crise econômica que atinge os mais vulneráveis e constantes ameaças à democracia”.
? DECLARACIÓN DEL SÉPTIMO ENCUENTRO DEL GRUPO DE PUEBLA
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— Grupo de Puebla (@ProgresaLatam) December 1, 2021
A cúpula ainda diz que a “solução” de tal crise requer o “fortalecimento e a reivindicação do papel do Estado na promoção de estímulos fiscais e monetários para a reconstrução das economias nacionais e a urgente criação de empregos”.
Para o grupo, investimento e o financiamento públicos serão “essenciais para induzir o investimento privado e incentivar o relançamento do crescimento econômico”.
“Insistimos que a reconstrução das economias pós-pandemia implica o combate à evasão fiscal e reformas tributárias que promovam impostos progressivos sobre a renda e a riqueza dos grandes capitais para garantir investimentos e políticas sociais para retomar o crescimento em linha com o combate às desigualdades e a inclusão social”, diz a nota.
Encontro do Grupo de Puebla no México
Mais de 150 lideranças da América Latina, do Caribe e da Europa eram esperadas para o encontro, que aconteceu em conjunto com o Grupo Parlamentar Ibero-Americano e o Conselho Latino-Americano de Justiça e Democracia, de 29 de novembro a 1º de dezembro.
Grupo de Puebla/Reprodução
Encontro do Grupo de Puebla aconteceu nos dias 29 de dezembro e 1º de janeiro na Cidade do México
Organizado pelo Movimento Regeneração Nacional (Morena), partido do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, o evento aconteceu pela primeira vez desde o início da pandemia de forma presencial.
O ex-presidente Lula da Silva enviou uma mensagem em vídeo aos participantes. “Nós precisamos reconstruir a nossa unidade na América do Sul, na América Latina e no Caribe”, afirmou Lula, que voltou a defender uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Precisamos nos unir inclusive para falar sobre uma nova governança no mundo. A ONU já não representa o que ela representava quando foi criada. A geografia política é outra, mais países precisam entrar. A ONU precisa voltar a ter autoridade para decidir algumas coisas que são importantes. Uma nova governança que tenha coragem de evitar guerras, que pense na construção de um mundo mais justo, mais humano, que pense em acabar com a fome”, provocou o ex-mandatário do Brasil.
Já a ex-presidente Dilma Rousseff participou do encontro de forma presidencial. Na ocasião, ela chamou atenção para os recentes triunfos de governos progressistas no México, na Bolívia, com Luis Arce, na Argentina, com Alberto Fernández e no Peru, com Pedro Castillo. Segundo ela, estes governantes oferecem um cenário de esperança.
“Nossos países saíram da ditadura e entraram na democracia, democracias que foram atacadas por processos de lawfare e golpes de Estado contra a Venezuela, Honduras, Paraguai, Brasil, Bolívia e agora com ameaças de golpe contra o Peru”, denunciou a ex-mandatária.
O grupo foi fundado em julho de 2019 na cidade mexicana de mesmo nome. Durante estes anos, o fórum tem se consolidado enquanto uma importante aliança progressista, e busca ser uma ferramenta propositiva na defesa dos direitos humanos, “reunindo as vontades de grandes lideranças para pensar e agir em consonância com a nova comunidade internacional e os novos desafios urgentes”.
(*) Com Brasil de Fato.