O projeto de construção de escolas no Iraque, agora formalizado entre o governo iraquiano e duas empresas chinesas, insere-se nas iniciativas de reconstrução de um país devastado pela guerra, cujos recursos e soberania foram pilhados na sequência da invasão das tropas norte-americanas.
Empresários chineses disseram ao Global Times que a retoma dos projetos de construção de escolas, há muito parados, representa o interesse crescente das empresas chinesas por um país que se situa na Iniciativa do Cinturão e Rota, onde “há mil coisas à espera de ser feitas”, tendo por base o princípio de benefício mútuo.
A assinatura do acordo foi realizada na semana passada, revelou no Twitter o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi, que esteve presente na cerimônia. O lado chinês foi representado pelo vice-presidente da Power China (empresa responsável pela construção de 679 escolas) e pelo diretor regional da Sinotech (que vai avançar com a construção de 321 infraestruturas escolares).
De acordo com o Global Times, trata-se de uma “ajuda imediata” ao Iraque, um país onde a falta de oportunidades na Educação dificultou muito o desenvolvimento e o esforço de reconstrução. Cerca de 3,2 milhões de crianças e jovens em idade escolar não têm acesso ao ensino, refere a Unicef.
Jim Gordon/US Army Corps of Engineers
Cerca de 3,2 milhões de crianças e jovens em idade escolar não têm acesso ao ensino no Iraque, segundo a Unicef
Hassan Mejaham, funcionário do Ministério iraquiano da Habitação, disse à Iraqi News Agency que o país precisa de 8000 escolas “para preencher a lacuna no setor da Educação”. De acordo com a imprensa iraquiana, a China vai construir ainda mais 7000 escolas no país, em duas fases.
“O investimento da China provém da ajuda humanitária. As escolas espalham-se por todo o Iraque, o que significa que as despesas com a segurança são enormes, num contexto de instabilidade política persistente, e que o lucro para as empresas estatais chinesas é magro”, disse Chen Xianzhong, um empresário que investe há muito no país do Médio Oriente, ao Global Times.
Em declarações ao periódico, Zhou Rong, investigador no Instituto Chongyang de Estudos Financeiros, da Universidade Renmin da China, destacou que as trocas entre a China e o Iraque têm tendência a crescer, num momento em que Washington está a perder gradualmente influência no Médio Oriente.