O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (23/12) em sua entrevista coletiva de imprensa anual que não é a Rússia que está colocando mísseis perto das fronteiras dos Estados Unidos, mas são os EUA que estão às portas do país eurasiano.
“É pedir demais não colocar nenhum sistema de ataque perto de nossa casa, o que há de estranho nisso?”, questionou o presidente. “E se tivéssemos colocado mísseis na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá? Ou no México?”, disse Putin, lembrando que historicamente os EUA tinham “disputas territoriais” com seu vizinho do sul. “De quem era a Califórnia? De quem era o Texas? Você já se esqueceu?”
Nesse contexto, o presidente russo exigiu que Washington fornecesse garantias de segurança. “Devem dar garantias e imediatamente”, disse Putin, que também frisou que, na década de 1990 a OTAN prometeu que não se expandiria “nem um centímetro para leste”, mas desde então já ocorreram cinco etapas de expansão da organização. “Nossas ações não vão depender do andamento das negociações, mas da garantia incondicional da segurança da Rússia”, frisou.
Kremlin
Para Putin, pressão do ocidente contra a Rússia se dá por conta do ‘tamanho do país’
Da mesma forma, o presidente indicou que a pressão do Ocidente sobre a Rússia só pode ser explicada pelo fato de alguns governos ocidentais considerarem que o país é grande demais mesmo depois da desintegração da URSS. “Em sua opinião, a Rússia é muito grande hoje, porque os próprios países europeus se tornaram pequenos Estados”, disse ele.
Putin também lembrou que, na década de 1990, havia agentes da CIA no governo russo e que havia especialistas americanos em instalações nucleares russas. “Havia representantes dos respectivos serviços norte-americanos em nossas instalações nucleares. Eles foram trabalhar”, disse, acrescentando que naquela época no governo do país “trabalhavam vários assessores, inclusive agentes da CIA”.
Antes, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, havia dito que Washington aumentou sua presença militar perto das fronteiras da Rússia, detalhando que cerca de 8.000 militares dos EUA estão destacados na Europa Oriental. Ele também alertou que empresas militares norte-americanas privadas estão preparando “uma provocação com produtos químicos” no leste da Ucrânia.