A Rússia alertou nesta quinta-feira (13/01) que não descarta algum tipo de presença militar em Cuba e na Venezuela se os EUA insistirem em ignorar suas exigências para que a Ucrânia não ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O vice-chanceler russo, Sergei Riabkov, que liderou a delegação de seu país durante as negociações em Genebra, disse nesta quinta que “não confirmará nem excluirá” a possibilidade de a Rússia enviar elementos militares para Cuba e Venezuela se as negociações falharem e a pressão dos Estados Unidos sobre a Rússia aumentar.
“Tudo depende da ação de nossos colegas americanos”, disse Riabkov em entrevista à televisão russa RTVI ao ser questionado sobre quais poderiam ser as medidas técnico-militares que o Kremlin tomaria se os EUA aumentassem a pressão.
As declarações vêm em meio a uma disputa entre as duas potências sobre a intenção da Ucrânia de ingressar na aliança atlântica e a rejeição da Otan, liderada pelos Estados Unidos, à exigência russa de vetar a adesão ucraniana.
A Rússia diz que a entrada da Ucrânia na Otan a deixaria cercada por inimigos e abriria a porta para a aliança implantar armas ofensivas em solo ucraniano, especificamente mísseis que poderiam chegar a Moscou em questão de minutos.
Nos últimos meses, a Rússia mobilizou dezenas de milhares de soldados em sua fronteira com a Ucrânia, provocando pedidos dos Estados Unidos e da Otan para retirá-los por medo de que Moscou planeje invadir o país, fato que o Kremlin nega categoricamente.
Nesse contexto, começaram nesta semana em Genebra as negociações entre os Estados Unidos e a Rússia acertadas entre os presidentes Vladimir Putin e Joe Biden, mas que não conseguiram reduzir a lacuna entre as demandas de ambos os lados.
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Vice-chanceler afirmou que ‘não confirmará nem excluirá’ possibilidade de enviar militares aos países latino-americanos
Riabkov acrescentou que a recusa de Washington e seus aliados em considerar a principal demanda da Rússia por garantias contra a expansão da aliança para a Ucrânia e outros países dificulta a discussão.
“Os Estados Unidos querem conduzir o diálogo em direção a alguns elementos da situação de segurança para aliviar as tensões e depois continuar o processo de desenvolvimento geopolítico e militar dos novos territórios, aproximando-se de Moscou”, disse. “Não temos para onde recuar”, disse ele, parafraseando Putin.
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, enfatizou que havia “alguns elementos e nuances positivos” nas negociações, embora as tenha descrito como “fracassadas” devido a divergências marcantes sobre as principais demandas da Rússia.
“As conversas foram iniciadas para receber respostas específicas para questões principais específicas que foram levantadas, e as divergências permaneceram sobre essas questões principais, o que é ruim”, afirmou.
*Com Télam