O Ministério Público da Bolívia apresentou a acusação formal contra nove ex-funcionários do governo de Jeanine Áñez por enriquecimento ilícito e tráfico de influência na última quinta-feira (13/01).
O caso remete à compra de gás lacrimogênio e outras armas não letais com preços superfaturados de empresas norte-americanas em novembro de 2019, durante a gestão da então autoproclamada presidente após o golpe contra Evo Morales.
Entre os acusados estão os ex-ministros Arturo Murillo (Governo) e Luis Fernando López (Defesa), que teriam se beneficiado diretamente com o decreto supremo 4.090, assinado em 29 de novembro de 2019 por Áñez, que autorizava o Ministério de Defesa a compra de munição não letal.
A compra teve como intermediário a empresa norte-americana Bravo Tactical Solutions (BTS), que estaria relacionada a Sergio Mendez, quem foi chefe de gabinete do então ministro de Governo Murillo. O contrato foi aprovado com um valor US$ 2,3 milhões (cerca de R$ 12,6 milhões) acima do mercado, sendo que U$ 582 mil (R$ 3,2 milhões) teriam sido em propina a Mendez.
Diego Valero/ABI
Jeanine Áñez e Arturo Murillo: ex-ministro teve ordem de prisão emitida pelo Ministério Público boliviano
Parte das provas contidas na acusação foram oferecidas pelos Estados Unidos, que mantém preso Murillo, acusado de suborno pela justiça do país. A Bolívia solicitou a Washington a extradição de Murillo, assim como reiterou o pedido ao Brasil de extradição do ex-ministro de Defesa Luis Fernando López, que fugiu em novembro de 2020 para o território brasileiro.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil até o momento não confirma a presença de López no território nacional, assim como não respondeu à solicitação da chancelaria boliviana.
O Ministério Público acionou o alerta vermelho da Interpol para localizar o ex-ministro de Defesa, considerado foragido da justiça.