O enviado russo à União Europeia, Vladimir Chizhov, disse nesta quinta-feira (20/01) que a Rússia espera “bom senso” dos Estados Unidos na nova rodada de conversas entre os países sobre a situação na Ucrânia.
À agência de notícias italiana Ansa, Chizhov afirmou esperar que o governo norte-americano não chegue de “mãos vazias” nas negociações, já que, para ele, os “políticos ocidentais” repetem um “mantra de Kiev: nenhuma discussão sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”.
“Então nós podemos dizer que nenhuma discussão sobre a Rússia sem a Rússia também […] espero que Antony Blinken não chegue ao encontro de Genebra com as mãos vazias”, disse.
Nesta sexta-feira (21/01), o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o secretário norte-americano de Estado, Antony Blinken, vão se reunir em Genebra, na Suíça, na tentativa de reduzir as crescentes tensões em torno de Kiev.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, pediu que o “ocidente” pare de “apoiar a militarização da Ucrânia e querer jogá-la na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)”.
Para ela, Moscou não espera uma solução imediata para a crise ucraniana e que o encontro desta sexta servirá para “dar novos passos” em direção a um acordo sobre o tema. “As partes devem examinar os resultados das reuniões da última semana […] e decidirem possíveis passos futuros, incluindo a rápida resposta escrita dos EUA”, acrescentou.
O Kremlin nega as acusações de uma possível invasão contra o território ucraniano e denuncia o expansionismo da Otan, que já engloba diversos países próximos ao Mar Báltico, e hoje mira a adesão de Ucrânia e Geórgia.
Kremlin diz que Washington acirra tensão
O governo russo afirmou também nesta quinta-feira que a fala do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre possíveis consequências para a Rússia “podem facilitar a desestabilização de toda a situação”.
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Autoridades russas acusam o Ocidente de estimular ação militar com envio de armas à Ucrânia
“Todas essas declarações poderiam infundir esperanças completamente erradas nas cabeças quentes de alguns representantes da Ucrânia, da liderança da Ucrânia que, na surdina, poderia decidir dar início a uma nova guerra civil no próprio país e buscar resolver com a força a questão do sudeste [Donbass]”, pontuou ainda.
Peskov ainda ressaltou que não está descartada uma nova reunião entre Putin e Biden, mas “que isso não vai acontecer amanhã”.
Blinken na Alemanha
Em visita à Alemanha, Blinken ressaltou que os EUA “sempre representaram de maneira muito clara que uma nova agressão contra a Ucrânia teria consequências” e que “a ideia de colocar à disposição de Kiev equipamentos militares de defesa – sejam norte-americanos, europeus ou da Otan – não é uma provocação ou uma razão para a atividade russa inverter a situação”.
O representante dos Estados Unidos já havia ameaçado a Rússia com sanções, afirmando haver um conjunto de embargos que podem ser impostos ao território russo, envolvendo “componentes financeiros, econômicos e de controle de exportação”.
Após se reunir com Blinken nesta quinta, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, afirmou estar de acordo “sobre o fato de que a única via é a política e esse caminho é o diálogo”.
“Infelizmente, a Rússia fala uma outra língua e as atividades militares aumentam. Sobre a segurança da Ucrânia, nós temos uma análise comum e com uma aceleração [do conflito] nós avaliaremos as sanções mais eficazes, de modo que devem causar um impacto”, acrescentou Baerbock.
(*) Com Ansa.