A primeira mulher eleita presidente de Honduras, Xiomara Castro tomou posse nesta quinta-feira (27/01) em uma cerimônia no Estádio Nacional de Tegucigalpa, capital do país da América Central, apresentando os nomes dos ministros que farão parte de seu governo.
Pelo partido Liberdade e Refundação (Libre), Castro venceu as eleições contra seu adversário Nasry Asfura, do Partido Nacional (PN), em novembro de 2021. A vitória não foi histórica apenas pela eleição da primeira mulher como chefe de Estado na história do país, mas também pela maior votação democrática que Honduras vivenciou desde o golpe em 2009.
“A Presidência da República nunca tinha sido assumida por uma mulher em Honduras. Passados 200 anos da Independência, estamos rompendo correntes e tradições. Este feito histórico só pode surgir pela vontade da maioria do povo. Obrigada, povo hondurenho. Obrigada por esta honra e confiança”, disse Castro em seu primeiro discurso de posse.
O evento em Tegucigalpa contou com a presença de importantes figuras políticas como a ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff, a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris.
Em seu primeiro discurso como mandatária, Castro abordou pontos importantes vividos pelo país, como a questão das mulheres, crise política e econômica, pobreza e migração em massa. De acordo com ela, Honduras precisa “restaurar” o sistema de justiça social, a fim de melhorar a “distribuição da riqueza.
“A pobreza se incrementou a 74%, nos tornando o país mais pobre da América Latina. Esse número explica as milhares de pessoas de todas as cidades que vão para o norte, México e Estados Unidos buscando um lugar. O Estado foi constituído para assegurar a seus habitantes a justiça, a liberdade, a cultura, o bem estar econômico e social. Como consequência, temos o dever de restaurar o sistema econômico sobre a base da transparência, eficiência, produção e justiça social na distribuição da riqueza e ingresso nacional”, afirmou.
@XiomaraCastroZ/ Reproduçãp
Em seu primeiro discurso como mandatária, Xiomara Castro conta com a presença de Dilma Rousseff, Cristina Kirchner e Kamala Harris
Castro também ressaltou a lembrança do aumento da dívida externa e a corrupção que Honduras viveu nos últimos anos, declarando diante, segundo ela, deste “dia histórico”, sua proposta de “refundação do Estado socialista e democrático”.
Prometendo um governo com foco em quatro setores principais: educação, saúde, segurança e empregos, Castro tem Salvador Nasralla, um dos maiores nomes da narração esportiva em Honduras, como vice-presidente.
Destacando por ser a primeira mulher eleita de Honduras, Castro se compromete com os direitos femininos. Além disso, se posiciona a favor do aborto em circunstâncias como má formação fetal, estupro ou risco à saúde da mulher. Hoje, a Justiça de Honduras considera o aborto como crime em qualquer condição.
Na diplomacia, o governo de Castro, no entanto, poderá tomar outro rumo que seu antecessor. A nova presidente se posiciona com relações mais estreitas com a China e faz parte de um levante da esquerda na América Latina ao lado de Gabriel Boric, no Chile, Luis Arce, na Bolívia, e Alberto Fernández, na Argentina.
Crise no congresso
Às vésperas da posse, o Congresso hondurenho foi palco de uma crise com a eleição de dois nomes para comandar a Casa.
As duas eleições ocorreram devido a uma fratura no partido da presidente eleita. 18 deputados dissidentes e, com apoio de partidos da direita, elegeram Jorge Cálix como presidente do Congresso. Enquanto isso, outros 68 deputados do Libre elegeram Luís Redondo, do Partido Salvador de Honduras. A confusão rendeu conflitos e brigas na sede legislativa hondurenha.
Mesmo em meio à confusão no Congresso, Castro anunciou alguns nomes que farão parte de seu governo. Eduardo Enrique Reina, como primeiro-ministro; Rixi Moncada, na Secretaria de Finanças; Marcio Sierra, presidente da Comissão Nacional de Bancos e Seguros, e Rebeca Santos na liderança do Banco Central.