A Convenção Constitucional do Chile aprovou os primeiros artigos relacionados ao reconhecimento do país como um Estado plurinacional e sobre a descentralização dos poderes. Do total de 36 artigos escritos pela Comissão de Forma de Estado, Ordenamento, Autonomia, Descentralização, Equidade, Justiça Territorial, Governos Locais e Organização Fiscal, 28 artigos foram aprovados por 2/3 do plenário.
Os 12 artigos rechaçados deverão ser reescritos pela Comissão e apresentados novamente na sessão da próxima sexta-feira (18).
Entre as normas consensuadas está o reconhecimento da plurinacionalidade e interculturalidade do Chile, país que conta com 13 etnias indígenas, que representam 12,7% da população.
“As entidades territoriais e seus órgãos reconhecem, garantem e promovem o reconhecimento político e jurídico dos povos e nações pré-existentes ao Estado que habitam o território: sua sobrevivência, existência e desenvolvimento harmônico; a distribuição equitativa do poder; uso, reconhecimento e promoção das línguas indígenas”, afirma o texto aprovado pelo plenário.
Em 2005, após realizar um processo constituinte, a Bolívia tornou-se o primeiro país da América Latina a se reconhecer como um Estado plurinacional.
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Entre os 155 constituintes chilenos, 15 deputados representam os povos originários
Entre os 155 constituintes chilenos, 15 deputados representam os povos originários, que até março podem votar sobre quais propostas serão levadas pela bancada indígena à Constituinte.
A Convenção também aprovou incluir a concepção de um Estado regional com entidades territoriais autônomas, que formarão um Conselho de Governos comandado pelo presidente da República. O texto prevê que é responsabilidade dos governos, comunas e distritos regionais garantir a igualdade de direitos no uso do território. No entanto, não houve acordo sobre a criação de Assembleias Legislativas regionais.
As sessões deliberativas do plenário acontecerão até 22 de abril para que, em julho, quando o organismo completa um ano, seja realizado outro plebiscito popular para aprovar a nova Constituição.
O processo constituinte do Chile é resultado da revolta social de 2019, que exigia uma nova Carta Magna para abandonar a Constituição implantada durante a ditadura de Augusto Pinochet. A Convenção Constitucional foi eleita após um plebiscito popular que obteve mais de 70% de apoio da população chilena.