O Parlamento britânico vai votar nesta segunda-feira (06/06) uma moção de desconfiança contra o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, criticado por ter participado de confraternizações com sua equipe durante períodos de lockdown no país.
A votação foi convocada após 15% dos deputados conservadores, do mesmo partido do premiê – 54 de um total de 359 – terem apresentado pedidos questionando a liderança de Johnson, que chefia o governo britânico desde julho de 2019.
O escrutínio deve acontecer entre 18h e 20h (entre 14h e 16h em Brasília) e determinará se o premiê deve continuar como líder do Partido Conservador. Em caso de derrota, Johnson também teria de renunciar ao posto de primeiro-ministro, já que não teria mais o apoio de sua própria legenda.
No entanto, de acordo com o governo, o premiê enxerga na votação uma oportunidade de colocar fim ao chamado “Partygate”, escândalo que derrubou sua popularidade nos últimos meses.
Sem planos de renunciar
Entre 2020 e 2021, membros do governo britânico, incluindo o próprio primeiro-ministro, participaram de confraternizações durante períodos de lockdown, no gabinete governamental, em Downing Street, em Londres, violando as restrições em vigor para conter a pandemia de covid-19. Johnson chegou inclusive a ser multado pela polícia de Londres.
Boris Johnson/Twitter
Entre 2020 e 2021, membros do governo britânico, incluindo o próprio primeiro-ministro, participaram de confraternizações durante lockdown
Na última semana de maio, no dia 25, Johnson falou em “responsabilidade total” por ter participado dos encontros nas fases de restrição da pandemia, mas disse não ter planos para renunciar.
Johnson respondeu na Câmara dos Comuns, o Parlamento do país, à publicação do relatório de Sue Gray, alta funcionária pública responsável por investigar a série de denúncias de festas ocorridas em Downing Street, divulgado nesta quarta. O britânico, mais uma vez, repetiu pedidos de desculpas feitos anteriormente em outras declarações sobre o caso.
“Eu assumo total responsabilidade por tudo o que aconteceu sob minha responsabilidade. O relatório de Sue Gray enfatizou que cabe à liderança política assumir a responsabilidade final, e é claro que eu assumo”, disse ele.
Ao mesmo tempo, o premiê disse que considera uma “oportunidade” para “fornecer o contexto” dos eventos, negando ter enganado deliberadamente o Parlamento quando disse que não estava ciente de ter quebrado as regras de seu cargo, algo que exigiria sua demissão nos termos do Código de Conduta Ministerial.
Após parlamentares da oposição terem pedido repetidamente sua renúncia e questionado se já pensou em se demitir, uma vez que três a cada cinco britânicos consideram que ele deveria, Johnson disse que entende a raiva das pessoas mas que é seu trabalho seguir em frente.