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Política e Economia

Bolívia rechaça posições europeias sobre julgamento de Áñez: 'colonial'

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‘Posição colonial inaceitável’ afirma chancelaria aos comunicados da União Europeia e Reino Unido após condenação da ex-autoproclamada presidente

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-06-22T21:00:00.000Z

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O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia emitiu na última terça-feira (21/06) uma declaração expressando “preocupação” referente às manifestações oficiais do Reino Unido e da União Europeia sobre o processo da ex-autoproclamada presidente Jeanine Añez.

Para a chancelaria, as declarações sobre a condenação de Áñez “não condizem com uma relação de respeito mútuo", expressando uma "posição colonial inaceitável".

“O Ministério das Relações Exteriores do Estado Plurinacional da Bolívia expressa sua preocupação e não aceita os comunicados emitidos pelo Reino Unido e pelo porta-voz do Alto Representante da União Europeia (UE) com respeito ao processo penal contra Jeanine Áñez pela autoproclamação presidencial”, afirma a nota. 

Comunicado | En relación a las manifestaciones oficiales del Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte y la Unión Europea referidas al proceso penal seguido contra Jeanine Añez y otros por su autoproclamación.

Léelo🔗https://t.co/YYtvcA7fI5 pic.twitter.com/9W2Jv0373G

— Cancillería de Bolivia (@MRE_Bolivia) June 22, 2022

Ainda segundo o comunicado do país latino-americano, as declarações do Ministério das Relações Exteriores inglês e do bloco europeu “deturpam” e “distorcem” os resultados da Missão Técnica do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Bolívia em 2019.

Na época, a organização identificou que as nove mortes e 122 feridos durante uma manifestação na província de Chapare, em 15 de novembro de 2019, "pareciam ser o resultado do uso desnecessário ou desproporcional da força pela polícia e pelo exército".

Já autoproclamada presidente da Bolívia, Áñez destacou militares bolivianos à tarefa de “defesa da sociedade e da ordem pública”, isentando-os de responsabilidade criminal em meio à crise política que o país vivia.

Segundo organizações de direitos humanos, como a Humans Rights Watch, o decreto era considerado "inconsistente" em relação aos padrões internacionais ao não responsabilizar militares por abuso de força e poder. 

Wikicommons
Áñez foi presa de forma preventiva em 2021 e recentemente sentenciada a 10 anos de prisão

A Procuradoria-Geral da Bolívia denunciou a ex-senadora por genocídio pelas 20 mortes de manifestantes na repressão a protestos pró-Morales pelas forças de segurança em Sacaba e Senkata, entre 15 e 19 de novembro de 2019.

Apesar das declarações do Reino Unido e do bloco europeu, a Bolívia afirma “total disposição” para que as Nações Unidas “acompanhem e façam quaisquer observações” sobre o julgamento de Áñez.

No entanto, “sem que isso implique em interferências nas decisões do sistema de justiça boliviano”, segundo a nota.

“[Bolívia] reafirma seu compromisso e vontade de continuar fortalecendo a dinâmica da agenda bilateral e a cooperação com todos os países da comunidade internacional, sempre com base no respeito mútuo”, completa o comunicado oficial.

Em 21 de junho, a chancelaria do Reino Unido veiculou uma nota expressando “preocupação” sobre possíveis intervenções do relator Diego García-Sayán, que liderou a missão das Nações Unidas para avaliar a situação política na Bolívia, no processo judicial de ´Áñez.

Já em 19 de junho, o porta-voz do Alto Representante da União Europeia, Peter Stano, emitiu um comunicado afirmando que a Bolívia tem “deficiências estruturais” em seu judiciário, sugerindo “disposição” do bloco europeu em cooperar com o país latino-americano para realizar uma reforma no sistema judicial.

Bolivia:Proceedings against exPresident Áñez didn't fully respect due process rights,w/broad & ambiguous charges as stated by @UNHumanRights 👉 symptomatic of structural deficiencies in 🇧🇴 justice. 🇪🇺ready to assist in justice reforms https://t.co/WaOBdPPxay

— Peter Stano (@ExtSpoxEU) June 19, 2022

Áñez foi presa de forma preventiva em março de 2021 e sua sentença a cumprir 10 anos de prisão por se autoproclamar presidente, violando a Constituição e resoluções do Legislativo boliviano, foi dada no último 10 de junho.

Julgada como ex-senadora, e não como ex-presidente, uma vez que sua gestão foi baseada em um golpe de Estado, Áñez, além das violações de direitos humanos, também é acusada por denúncias de corrupção e compras superfaturadas.

(*) Com Telesur

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Política e Economia

França: em seu primeiro discurso na Assembleia, nova chefe do governo defende nacionalização do setor da energia

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Primeira-ministra Élisabeth Borne também abordou responsabilidade francesa nos setores ambiental, orçamental e fiscal

Maria Paula Carvalho

RFI RFI

2022-07-06T21:50:00.000Z

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Em seu discurso de política geral, um pronunciamento que o premiê francês faz tradicionalmente na Assembleia Nacional para dar o rumo e listar as prioridades de seu governo, a primeira-ministra Élisabeth Borne convocou os deputados a “construírem juntos” as soluções necessárias para responder aos desafios econômicos e climáticos. Ele também defendeu a nacionalização do setor da energia e disse que o país não pode depender do gás e do petróleo russos.

Em 1h e 25 minutos de discurso, Borne reforçou que “desordem e instabilidade não são uma opção” para a França, após o governo ter perdido a maioria absoluta no Parlamento nas eleições legislativas de junho. "Pelo resultado das urnas, os eleitores estão nos pedindo para agirmos de forma diferente. Por meio dessa mensagem, [eles] estão nos pedindo para assumirmos coletivamente nossas responsabilidades", disse.

Élisabeth Borne destacou a “urgência e a necessidade de ações”, no momento em que a “guerra perdura e a situação econômica se degrada, com taxas de juros aumentando”. De acordo com as palavras da primeira-ministra, “os franceses nos pedem para conversarmos mais e atuarmos juntos”, declaração que foi seguida de aplausos pelos deputados que apoiam o presidente Emmanuel Macron e vaias da oposição. “É preciso dar um novo sentido à palavra concessão, esquecida na nossa vida política”, insistiu, lembrando da necessidade de negociações entre os membros da Assembleia. Porém, “trabalhar juntos não significa abrir mão de ideias próprias”, alertou, acrescentando que os deputados “não poderiam decepcionar” a sociedade.

Em linhas gerais, Élisabeth Borne propõe uma “França mais forte, numa Europa independente, com igualdade entre homens e mulheres e respeito à laicidade”. Prometendo ser incansável no cargo, ela disse que “uma nova página da história começa”.

“Talvez eu não corresponda ao que muitos esperavam de mim”, disse, deixando de lado, por alguns momentos, “a armadura” e externando sentimentos. “Não tenho complexo de ser mulher. Fui engenheira, ministra e meu objetivo é servir”, afirmou, agradecendo à França pelas oportunidades que teve. “Devo tudo à República, foi ela que me estendeu a mão e me deu um trabalho. É ela que me guia e quero devolver um pouco do que recebi”, afirmou.

Durante toda a sua fala, a primeira-ministra estendeu a mão aos opositores e se mostrou aberta para desenvolverem juntos as soluções aos desafios futuros, mostrando disposição a “escutar as preocupações dos diferentes grupos” e mesmo a “aceitar mudanças nos seus projetos”, de acordo com os debates.

Tripla responsabilidade: ambiental, orçamental e fiscal

O primeiro desafio, disse ela, é responder à urgência do poder aquisitivo, citando várias medidas já tomadas para proteger os franceses da inflação. “O aumento do preço da energia deveria ter sido de um terço, mas não passou de 4%”, destacou, lembrando, ainda, o bloqueio dos preços do gás, medida que ela pretende estender. “Graças a isso, a inflação na França é a mais baixa da zona do euro”, disse.

Ela também prometeu “um teto para o aumento dos preços dos aluguéis” e a “ajudar os franceses que dependem do carro para viver”. Outros pontos citados foram “garantia de alimentação de qualidade, fim da injustiça social e luta contra a fraude”.

Transição energética

Ao abordar a necessidade de alcançar o “pleno emprego”, Borne lembrou que o “crescimento econômico deve estar ligado à transição ecológica” e à “responsabilidade ambiental”. A primeira-ministra comemorou a “taxa mais baixa do desemprego no país em 15 anos, e em 40 anos entre os jovens”, destacando o “investimento de €15 bilhões na formação profissional para criar os empregos do futuro”. “Paramos com 40 anos de desindustrialização e vamos acelerar ainda mais para atrair empresas e indústrias, baixando impostos sobre a produção”, completou.

Twitter/Élisabeth Borne
Primeira-ministra defendeu a reforma das aposentadorias, um objetivo do presidente Emmanuel Macron, que enfrenta forte resistência

Élisabeth Borne destacou que seu governo será regido pela “planificação ecológica”, com o objetivo de “atingir a meta europeia de baixar as emissões de carbono, alcançando neutralidade em carbono em 2050 para vencer a batalha do clima”. Ela anunciou uma grande consulta, a partir de setembro, com participação dos prefeitos e políticos locais para definir objetivos em termos de redução de emissões de gases de efeito estufa. “A França será a primeira grande nação desenvolvida a sair das energias fósseis”, disse, destacando “urgência de o país não depender do gás e do petróleo russos” e de “alcançar soberania energética”. Para isso, o novo governo pretende investir num misto de energias renováveis e novos reatores nucleares.

Nacionalização da energia

Borne ainda divulgou a intensão do Estado em deter “100% do capital da EDF”, a maior empresa produtora e distribuidora de energia da França. Fundada em 1946 após um programa de nacionalização, a companhia estatal adotou, a partir de 2004, uma personalidade jurídica de direito privado, da qual o Estado detém, atualmente, 84%.

A primeira-ministra ainda prometeu trabalhar para a popularização de carros elétricos, descarbonizar a indústria e a agricultura e promover mudanças no padrão de consumo dos franceses para “acabar com a era do desperdício”.

A chefe do governo alertou que “melhorar as contas públicas será determinante para poder manter o Estado de bem-estar social francês". Segundo ela, “em 2026, devemos começar a baixar a dívida e, em 2027, diminuir o déficit público a 3%”. Em seguida, a primeira-ministra disse que desconsiderava “qualquer a aumento de impostos” para financiar o governo.

Reforma da aposentadoria

A primeira-ministra defendeu a reforma das aposentadorias, um objetivo do presidente Emmanuel Macron, que enfrenta forte resistência. “Para a prosperidade do país, para o progresso social e para que ninguém tenha uma aposentadoria inferior a €1.500, devemos trabalhar um pouco mais tempo”, disse, recebendo aplausos dos deputados centristas e vaias dos deputados da esquerda. "Sim, vamos ter que trabalhar um pouco mais, progressivamente", insistiu, sem dar mais detalhes.

Borne citou, ainda, a supressão dos valores pagos pelos franceses para custear os serviços de audiovisual do país, prometendo uma reforma no setor que, segundo ela, “vai aliviar as despesas de cada domicílio e garantir um audiovisual público financiado de maneira perene e independente”.

Parte do discurso foi dedicado às reformas nas escolas, valorização de professores e obrigatoriedade de 30 minutos de esporte por dia para os alunos. O governo prometeu, também, ajudar os pais que criam filhos sozinhos (até 12 anos) e a organizar a oferta de creches, reclamação constante dos pais que trabalham.     

Combater a falta de médicos

Na área da saúde, Élisabeth Borne disse que o foco será na prevenção de doenças e em apoiar categorias como médicos e enfermeiros. Nessa hora, os aplausos da maioria dos deputados rivalizaram com gritos de "hipócrita!" vindos do lado da coalizão de esquerda Nupes. “Não aceitamos essas manifestações no plenário”, lançou a presidente da Assembleia, Yaël Braun-Pivet.

A primeira-ministra também assegurou que o governo atuaria a favor da "autonomia das pessoas com deficiência" e da "transformação das estruturas médico-sociais" e que uma conferência nacional sobre o assunto deve ser organizada no início de 2023.

Radicalismo islâmico

Por fim, a primeira-ministra da França disse que “liberdade, igualdade, fraternidade e laicidade não são negociáveis”. De acordo com ela, “a laicidade é um pilar do pacto republicado”. Borne prometeu “combater o radicalismo, o separatismo e o islamismo”.  

Ela concluiu o discurso dizendo que “confiança não se decreta, mas se faz texto a texto, projeto a projeto”. Em uma mensagem para a oposição, disse: “Devemos sempre nos perguntar se queremos bloquear ou construir? Assim seremos julgados”, finalizou, dizendo estar confiante que “a França é o país onde tudo é possível, que supera crises e recusa a fatalidade”.

Moção de censura

Meia hora antes de Borne tomar a palavra, a aliança de esquerda Nupes apresentou ao Parlamento uma moção de censura, rebatizada de "moção de desconfiança”. O texto só deve ser debatido na sexta-feira (08/07) ou, possivelmente, no início da próxima semana, com poucas chances de ser adotado, já que depende de maioria absoluta dos votos.

"Na falta de um voto de confiança", que não foi solicitado pelo primeiro-ministro, "não temos outra escolha senão apresentar esta moção de desconfiança", justificaram em seu texto os parlamentares da França Insubmissa, do Partido Socialista, dos ecologistas e comunistas aliados na coalizão Nupes.

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