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Política e Economia

Organizações populares do Haiti pedem que China e Rússia vetem renovação de missão da ONU

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Grupo denuncia suposto envolvimento da Minustah com quadrilhas armadas

Michelle de Melo

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-06-22T21:40:00.000Z

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Um grupo de 20 organizações populares do Haiti publicou uma carta solicitando à China e Rússia, como membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que impeçam a aprovação de uma nova extensão da Missão da ONU no país. No dia 15 de julho vence o último prazo de extensão do mandato da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), iniciada em 2004, sob comando de tropas brasileiras. 

Em 18 anos de ocupação militar, a Minustah foi responsável por disseminar a cólera no Haiti, que causou cerca de 30 mil mortos e 700 mil doentes. Entre 2005 e 2006, quando as tropas da ONU eram comandadas pelo general brasileiro Augusto Heleno, atual ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cerca de 8 mil pessoas foram mortas somente na capital Porto Príncipe. Em 2005 também foi denunciada o massacre de Cité Soleil, uma das maiores favelas da capital haitiana, ocupada pelos militares num episódio que terminou com 27 civis mortos, 20 deles eram mulheres e adolescentes, segundo levantamentos independentes.

A presença das tropas da Minustah também contribuiu para a circulação de armas no país. Existem cerca de 77 grupos armados, que controlam regiões inteiras no país e se financiam com o tráfico de drogas e de armas. Segundo a Comissão Nacional de Desarmamento, há cerca de 500 mil armas circulando de maneira ilegal na ilha.

Na nota publicada no último fim de semana, os movimentos ainda denunciam vínculos de oficiais da missão da ONU com grupos armados irregulares. 

"A atual representante do Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti, Helen La Lime, é a instigadora de uma federação de quadrilhas armadas com práticas terroristas em todo o país onde o sequestro se tornou diário e reflete mais um sinal de fracasso das missões da ONU", denunciam. 

Flickr
No dia 15 de julho vence o último prazo de extensão do mandato da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah)

Antes de comandar o Escritório das Nações Unidas em Porto Príncipe, Helen La Lime foi embaixadora dos EUA na Angola.

Na última sessão do Conselho de Segurança da ONU, na quinta (16/06), outros três estados membros permanentes, França, Estados Unidos e Reino Unido, demonstraram interesse em renovar o mandato da Minustah por mais um ano, atendendo o pedido do Secretário geral, António Guterres. A última extensão de nove meses, aprovada em 2021, foi discutida sem a presença de autoridades haitianas. 

No ano passado, durante a sessão do Conselho, o embaixador chinês na ONU, Zhang Jung, defendeu que o Haiti não poderia alcançar estabilidade sem sua autonomia, "a ONU não fez nada no Haiti", disse.

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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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