Uma investigação realizada pelo Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) apontou que a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh foi assassinada por um tiro de arma de fogo disparado pelas forças de segurança de Israel.
O crime ocorreu no último dia 11 de maio, quando a repórter, que usava um colete com a palavra “press” (imprensa) e capacete, cobria uma operação do Exército israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada.
“Concluímos nosso monitoramento independente do incidente. Os tiros que mataram Abu Akleh e feriram seu colega Ali Sammoudi vieram das forças de segurança israelenses, e não de disparos indiscriminados de palestinos armados, como inicialmente foi alegado pelas autoridades de Israel”, disse a porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani.
Investigadores da ONU analisaram fotos, vídeos e áudios, visitaram o local do crime, consultaram especialistas, revisaram comunicações oficiais e conversaram com testemunhas.
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Manifestantes seguram cartazes com fotos de Shireen Abu Akleh, em maio de 2022
O inquérito mostrou que sete jornalistas chegaram à entrada oeste do campo de refugiados de Jenin pouco depois das 6h da manhã de 11 de maio. Cerca de meia hora depois, quatro repórteres seguiram por uma rua específica, e “várias balas aparentemente bem miradas foram disparadas contra eles da direção das forças de segurança de Israel”.
Um desses tiros feriu Sammoudi no ombro, enquanto outro acertou Abu Akleh na cabeça e a matou instantaneamente, segundo a ONU. A agência de direitos humanos também afirmou ser “profundamente perturbador” o fato de as autoridades israelenses “não terem feito uma investigação criminal” sobre o caso.
Abu Akleh tinha 51 anos de idade e trabalhava para a emissora árabe Al Jazeera. Logo após o assassinato, o governo de Israel chegou a cogitar publicamente que “palestinos armados que disparavam de modo selvagem” tivessem matado a jornalista.