Sábado, 14 de junho de 2025
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O presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, Freddy Mamani, afirmou na última segunda-feira (27/06) que a proposta do mandatário brasileiro Jair Bolsonaro, em oferecer asilo político à ex-autoproclamada presidente Jeanine Áñez, “confirma a participação brasileira em golpe de Estado ocorrido no país em 2019”.

Para ele, Bolsonaro não se interessa “pelos massacres, pela democracia ou pela justiça” e ofereceu “abrigo” à Áñez por “remorso mental”.

“O que Bolsonaro quer, ao oferecer asilo político a Jeanine Áñez, é salvar uma das protagonistas do golpe de Estado de 2019. Exigimos respeito pela sentença da Justiça boliviana”, disse Mamani.

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Em vídeo veiculado nas redes sociais da Câmara dos Deputados boliviana, Mamani também disse que o pensamento de Bolsonaro, ao considerar “injusta” a pena de 10 anos de prisão à Áñez “não é compartilhada por todos os brasileiros”.

A direitista foi condenada por se autoproclamar como presidente interina da Bolívia após Evo Morales ser obrigado a renunciar, em 2019. O caso é chamado de “Golpe de Estado II”, já que Áñez também é réu em outro processo.

Segundo o jornal argentino Pagina12, Bolsonaro afirmou que a ex-senadora é “uma mulher presa injustamente”.

Em entrevista ao canal de extrema direita “Programa 4 x 4”, o mandatário brasileiro disse que fará “o que for possível” para trazer Áñez ao Brasil, “caso assim o governo da Bolívia concorde”. “Estamos prontos para receber o asilo dela”, disse, afirmando que ela é alvo de uma “injustiça”.

Presidente do parlamento afirmou que mandatário brasileiro quer 'salvar uma das protagonistas do golpe de Estado de 2019'

Twitter/Câmara dos Deputados da Bolívia

Para Mamani, Bolsonaro não se interessa ‘pelos massacres, pela democracia ou pela justiça’

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogélio Mayta, afirmou que a impunidade é “inadmissível”, e que o país ratifica o compromisso com o respeito dos direitos humanos que foram transgredidos durante o golpe de Estado na Bolívia.

“Em hipótese alguma pode ser aceita interferência nas decisões que correspondem soberanamente à Justiça boliviana”, completou o presidente da Câmara.

Áñez foi presa de forma preventiva em março de 2021, e sua sentença a cumprir 10 anos de prisão por se autoproclamar presidente, violando a Constituição e resoluções do Legislativo boliviano, foi dada no último 10 de junho.

Julgada como ex-senadora, e não como ex-presidente, uma vez que sua gestão foi baseada em um golpe de Estado, Áñez, além das violações de direitos humanos, também é acusada por denúncias de corrupção e compras superfaturadas.

(*) Com Ansa, Sputniknews e Telesur