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Política e Economia

Argentina pauta colonialismo, crise alimentar e soberania financeira no G7

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Alberto Fernández participa de cúpula na Alemanha e busca ser voz dos países em desenvolvimento

Fernanda Paixão

Brasil de Fato Brasil de Fato

Buenos Aires (Argentina)
2022-06-30T17:40:00.000Z

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A cúpula do G7 foi concluída nesta terça-feira (28/06), na Alemanha, de onde o presidente argentino Alberto Fernández voltou "satisfeito", conforme declarou em conferência de imprensa no castelo de Schloss Elmau, na região da Baviera. Também afirmou estar "preocupado" com o posicionamento dos países entre os mais ricos do mundo que conformam o Grupo dos Sete (Itália, Japão, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e França) sobre a guerra na Ucrânia, para a qual o único desfecho reconhecido pelo grupo é a derrota da Rússia.

A presença da Argentina na cúpula foi uma importante representação dos países do Sul Global. Como um dos cinco convidados especiais para o encontro, Fernández, em caráter de presidente da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), destacou o esforço realizado para que outros países da "periferia do mundo" estivessem presentes na cúpula do G7.

"Vou embora satisfeito porque cumpri a tarefa que havia proposto, que era trazer a voz de outro lugar do mundo, que nunca são escutadas nessas reuniões do G7", disse o mandatário argentino, pontuando que convocou a presença da África e da Ásia nos encontros com os presidentes europeus que manteve em maio, em uma viagem em que passou por França, Alemanha e Itália.

As pautas da região no G7

Neste sentido, o pedido de Alberto Fernández no G7 de somar esforços para cessar o mais rápido possível a guerra na Ucrânia faz eco com o risco de uma crise alimentar mundial que impactaria com mais força os países em desenvolvimento. O alerta se deve à inflação, particularmente, sobre os cereais e óleos vegetais que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), atingiram seu nível de preço mais alto desde a criação do órgão, em 1990.

O segundo ponto que o presidente argentino levou à cúpula do G7 foi a proposta de construir "uma nova arquitetura financeira internacional, que inclua as periferias do mundo", como refere-se aos países do Sul Global. Desse modo, convocou os representantes de Estado a não olharem "impávidos como a riqueza se concentra em poucas corporações enquanto a pobreza se distribui entre milhões de pessoas", enfatizando a atenção sobre as populações que atravessam privações alimentares como um imperativo ético.

"Solicitei estabelecer a ordem de prioridade dos problemas", disse Fernández. "O primeiro é a guerra, e o segundo é a ordem internacional, o sistema econômico internacional, que gera a situação que estamos vivendo. O problema não é a pobreza, mas o modelo econômico que gera a pobreza."

Entre os outros cinco países convidados, estão os que integram as regiões mais seriamente afetadas pela crise alimentar mundial desencadeada com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia – com exceção da própria Ucrânia, cujo presidente, Volodymyr Zelensky, participou por vídeo chamada no primeiro dia da cúpula: Senegal, que lidera a União Africana; África do Sul, único membro africano do G20 e integrante do Brics; Indonésia, país anfitrião do G20 este ano; e Índia, quinta economia mundial atrás de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha.

No entanto, os países-membros do G7 coincidiram em manter e convocar outros Estados a aplicar sanções contra a Rússia, e também isolar a China, conforme publicaram na declaração final da reunião.

"O que emerge das nossas discussões e conclusões é que não é o Ocidente que se opõe ao resto do mundo, mas o lado da paz contra o lado da guerra", concluiu o presidente francês Emmanuel Macron. "A Rússia não pode e não deve vencer e, portanto, nosso apoio à Ucrânia e as sanções contra a Rússia continuarão enquanto for necessário e com a intensidade necessária nas próximas semanas e meses."

Neste sentido, há uma leitura sobre a escolha de países convidados pelo Grupo dos Sete que consiste em buscar uma aproximação com Estados que se abstiveram na votação pela retirada da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU: Índia, Senegal e África do Sul. Na ocasião, a Argentina, em meio a uma renegociação da dívida bilionária com o Fundo Monetário Internacional (FMI), votou a favor, em uma postura alinhada aos Estados Unidos e que gerou controvérsias com Moscou.

Twitter/Casa Rosada
Presença da Argentina na cúpula foi uma importante representação dos países do Sul Global

Como o FMI atualmente incide não apenas sobre a política econômica da Argentina, mas também dita regras para outros países do Sul Global, Fernández solicitou mais repartição de recursos especiais, como os chamados "direitos especiais de giro", concedidos no contexto da pandemia pelo FMI aos países endividados.

O presidente do Conselho Argentino de Relações Internacionais, José Octavio Bordón, observa que, apesar de uma "política internacional inconsistente", a presença de Fernández como presidente não só da Argentina, e também da Celac, foi indispensável dada a conjuntura atual.

"Foi uma apresentação adequada e pertinente porque, por um lado, [Fernández] foi muito claro com relação a preocupação e a rejeição que temos desta invasão da Rússia na Ucrânia", afirma Bordón ao Brasil de Fato. "Por outro lado, e relacionado ao enfrentamento da crise da pandemia, energética e alimentar e os problemas da iniquidade, destacou um ponto em comum de países da América Latina, que é a possibilidade de emissões especiais e mudanças de políticas nos sistemas financeiros para que os países em desenvolvimento possam não só enfrentar as dívidas que tenham mas também os esforços, os déficits e a inflação geradas."

Aproximações

Além dos discursos e aparições públicas no marco do G7, Fernández manteve reuniões bilaterais com representantes de diversos países presentes na cúpula. Neste sentido, buscou uma aproximação com um ator relevante demograficamente e no contexto de crise alimentar: a Índia.

O encontro bilateral com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, inaugurou a agenda de reuniões do presidente argentino, no mesmo dia de sua chegada à Alemanha (26/06). Segundo destacou o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, parte da comitiva na Alemanha, os mandatários conversaram sobre transferência de biotecnologia para a agroindústria e a mineração de lítio e cobre, necessários para a eletromobilidade – uma das apostas de produção para a Argentina.

A relação comercial com a Índia alcançou um recorde no ano passado, com US$ 5,6 bilhões em exportações argentinas ao país asiático. A expectativa é que o número seja superado em 2022, com o crescimento das exportações de óleo de girassol, que substituíram as exportações ucranianas, e farinha de soja.

Além disso, a agenda do Sul Global esteve na pauta, com o fim de levar "uma voz unificada" para o G20, que será realizado na Indonésia em novembro deste ano, na Índia em 2023 e no Brasil em 2024. O presidente Alberto Fernández também reforçou a Modi o pedido de entrada da Argentina no Brics, algo que vem sendo negociado e também tratado na última reunião do bloco, na semana passada.

Fernández também manteve reuniões formais e informais com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e com o presidente francês Emmanuel Macron. Na comitiva, foi presente a observação de uma certa mudança de perspectiva dos líderes europeus ao olhar para o Sul Global e não apenas para a região africana. Na cúpula, Fernández se ofereceu como um fornecedor de alimento e biotecnologia, visando o financiamento de países europeus que, na atual conjuntura, tendem a ser mais cautelosos com seus recursos.

Outro ponto forte de sua passagem pelo G7 foi o encontro entre Alberto Fernández e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Atendendo a pedido do premiê do Reino Unido de uma reunião bilateral, Fernández ressaltou que abrir o diálogo sobre a soberania da Argentina sobre as ilhas Malvinas é um condicionante para destravar as negociações diretas com o Reino Unido.

A reunião não terminou bem: Johnson apenas respondeu que "esse assunto foi resolvido há 40 anos". No entanto, foi uma notável oportunidade para que a Argentina levantasse o tema do colonialismo europeu sobre a região da América Latina e o Caribe, debate ainda fresco movimentado pelo Comitê Especial de Descolonização da ONU, em Nova Iorque, na semana passada.

O presidente também manteve uma reunião com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que busca reativar o acordo de livre comércio entre União Europeia e o Mercosul, amplamente questionado na região latino-americana. Na ocasião, von der Leyen teria pedido acelerar a concretização do pacto firmado em 2019 pelo então presidente argentino Mauricio Macri para aumentar a comercialização de alimentos e a produção de lítio argentino, componente necessário para a fabricação de carros elétricos.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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