Palestinos regiram nesta terça-feira (05/07) à publicação, pelos Estados Unidos, de um relatório sobre a morte da jornalista Shireen Abu Akleh, morta em 11 de maio durante uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada.
De acordo com a análise dos especialistas norte-americanos, o tiro provavelmente veio do lado israelense, mas não existe razão para acreditar que a morte tenha sido intencional. Em entrevista à RFI, sobrinha da jornalista diz que relatório é uma ofensa à memória de Shireen.
Na segunda-feira (04/07), os Estados Unidos concluíram que a jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh foi “provavelmente” morta por tiros de uma posição israelense, enquanto cobria ataques do exército na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Porém, o relatório aponta não haver motivos para se acreditar que a morte da repórter tenha sido intencional.
“O Departamento de Estado norte-americano afirmou, em um comunicado, que não era possível chegar a conclusões definitivas porque, de acordo com os investigadores, a bala que matou a jornalista da Al Jazeera estava muito danificada.
Israel, que analisou o projétil juntamente com os norte-americanos, contrariamente à vontade dos palestinos, continua a afirmar que é impossível conhecer a origem do tiro. Shireen Abu Akleh foi morta com uma bala de calibre 5,56 mm disparada por um rifle semiautomático Ruger Mini 14. O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, disse que os primeiros responsáveis “são os terroristas que operam no meio da população”.
Tanto a Autoridade Palestina quanto a Al Jazeera e o Catar, país que financia a emissora, imediatamente acusaram o exército israelense de terem matado a repórter. Ela cobria uma operação militar em um campo de refugiados no território palestino ocupado por Israel desde 1967. Quando foi atingida, ela usava um colete à prova de balas onde estava escrito “imprensa” e um capacete.
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Abu Akleh morreu em 11 de maio durante uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada
O anúncio da morte causou comoção entre palestinos e no mundo árabe, mas também na Europa e nos Estados Unidos. Vários protestos foram registrados nos territórios palestinos e uma rua de Ramallah foi rebatizada com o nome de Abu Akleh.
Palestinos não aceitam versão norte-americana
Para os palestinos, os resultados das análises norte-americanas não convencem. Em sua conta no Twitter, Hussein Al Sheikh, Secretário geral da organização pela libertação da Palestina, disse que não aceitaria tentativas de esconder a verdade e que não tinha medo de acusar Israel.
Parentes de Shireen disseram que os resultados são uma ofensa à memória da jornalista. Em entrevista à RFI, Lina Abu Akleh, sobrinha de Shireen, disse que a família “deve recorrer a Tribunais internacionais.” Segundo ela, de acordo com a procuradoria palestina, em um comunicado, a jornalista foi intencionalmente alvo do Exército israelense.
“Não houve transparência nesse processo de análise. Nós nem fomos informados dessa investigação antes. Pior, ficamos sabendo pela mídia. E também soubemos pela imprensa que não haveria especialistas israelenses presentes. No entanto, verificamos mais tarde que não era o caso”, afirmou. “Esperávamos, pelo menos, que os resultados fossem apresentados de forma detalhada”, completa, reafirmando que a investigação “carece de transparência”.
Para Lina Abu Akleh, “o apoio demonstrado a Israel é uma verdadeira decepção. O comunicado diz que o tiro foi acidental. Não entendo como isso é possível, pois não havia ativistas, apenas jornalistas claramente identificados como tal. E é importante notar que a bala não é a única evidência”, lamenta.