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Política e Economia

ONU: mundo está a um 'erro de cálculo' de um conflito nuclear

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Secretário-geral da ONU, António Guterres, afirma que guerra na Ucrânia elevou tensões geopolíticas a níveis não vistos desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, durante a Guerra Fria

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-02T15:00:00.000Z

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse nesta segunda-feira (01/08) que a humanidade pode estar "a um mal-entendido, a um erro de cálculo da aniquilação nuclear".

"Até agora, tivemos uma sorte extraordinária. Mas a sorte não é uma estratégia ou um escudo para evitar que as tensões geopolíticas se transformem num conflito nuclear", frisou Guterres.

A fala ocorreu em Nova York, durante a abertura da 10ª Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, assinado por 191 países e que entrou em vigor em 1970.

Segundo Guterres, a crise climática, as desigualdades gritantes, os conflitos, as violações dos direitos humanos e a devastação pessoal e econômica causada pela pandemia de covid-19 colocaram o mundo sob enorme estresse.

"A humanidade corre o risco de esquecer as lições aprendidas nas terríveis explosões de Hiroshima e Nagasaki", disse Guterres.

Segundo ele, a guerra na Ucrânia elevou as tensões geopolíticas a níveis não vistos desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, durante a Guerra Fria.

Cerca de 13 mil armas nucleares em todo mundo

A conferência ocorre em um momento em que crescem as preocupações sobre a rápida aceitação do arsenal nuclear da China e a disseminação da tecnologia nuclear, especialmente no Irã e na Coreia do Norte.

"Em todo o mundo estão armazenadas cerca de 13 mil armas nucleares e isto num momento em que os riscos de proliferação aumentam e as salvaguardas para impedir essa escalada diminuem", disse, referindo-se em particular às "crises" no Oriente Médio e na península coreana e à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Após ter sido adiada várias vezes desde 2020 devido à pandemia de covid-19, a conferência ocorre até 26 de agosto para revisar o tratado internacional.

Para Guterres, a reunião é uma "oportunidade para fortalecer o tratado e alinhá-lo com o mundo de hoje". "Eliminar as armas nucleares é a única garantia de que nunca serão usadas", afirmou.

Em janeiro deste ano, antes do começo da guerra na Ucrânia, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), todos potências nucleares, comprometeram-se em "impedir a disseminação" nuclear. Na última conferência, realizada em 2015, as partes não conseguiram chegar a um acordo sobre questões substanciais.

Segundo os dados mais recentes do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), referentes ao início de 2021, há nove países no mundo com armamento nuclear: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte – os quatro últimos não fazem parte do pacto que 191 Estados assinaram.

O Sipri alertou em junho que os estoques mundiais de armas nucleares devem aumentar nos próximos anos, revertendo um declínio observado desde o fim da Guerra Fria.

Lee Jin-man/AP Photo/picture alliance
A conferência ocorre em um momento em que crescem as preocupações sobre a disseminação da tecnologia nuclear na Coreia do Norte

Negociação entre EUA e Rússia

Numa declaração prévia à conferência, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que sua administração quer negociar rapidamente "uma nova estrutura de controle de armas para substituir o Novo Start, quando este expirar em 2026".

Implementado em 2011, o New Strategic Arms Reduction Treaty (Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas ou Novo Start) limita o número de armas nucleares dos Estados Unidos e da Rússia, sendo considerado o único acordo de controle de armas remanescente entre as duas potências.

No entanto, segundo Biden, a negociação de um acordo que substitua o Novo START exige "um parceiro disposto a operar de boa-fé", referindo que "a agressão brutal e não provocada da Rússia na Ucrânia destruiu a paz na Europa e constitui um ataque aos princípios fundamentais da ordem internacional".

"A Rússia deve demonstrar que está pronta para retomar o trabalho de controle de armas nucleares com os Estados Unidos", ressaltou Biden.

O presidente americano também reafirmou a sua intenção de voltar a liderar o acordo de 2015 sobre o programa nuclear do Irã, depois de o seu antecessor, Donald Trump, o ter abandonado em 2018.

Pressão contra Rússia

Em Nova York, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, pediu o desarmamento nuclear, apesar da crescente tensão geopolítica e da incerteza global.

"Esse objetivo pode parecer distante com a situação atual em que o mundo se encontra, mas nunca devemos perdê-lo de vista", afirmou.

Segundo ela, "a brutal guerra de agressão da Rússia" foi um sinal claro de que "as armas nucleares são uma realidade amarga".

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, pediu a todos os Estados nucleares que se comportem "responsavelmente" nos esforços de não proliferação, em um momento em que, segundo ele, o caminho para um mundo sem armas nucleares se tornou muito mais difícil.

Estados Unidos, França e Reino Unido criticaram as ameaças de Putin de uso de armas nucleares em meio à invasão da Ucrânia.

"Após a guerra de agressão não provocada e ilegal da Rússia contra a Ucrânia, pedimos à Rússia que cesse sua retórica e comportamento nuclear irresponsável e perigoso, para manter seus compromissos internacionais", disseram em comunicado.

"As armas nucleares, enquanto existirem, devem servir a propósitos defensivos, impedir a agressão e prevenir a guerra. Condenamos aqueles que usam ou ameaçam usar armas nucleares para coerção militar, intimidação e chantagem", diz o comunicado.

Em uma carta dirigindo-se aos participantes da conferência, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e que essa guerra nunca deve ser iniciada.

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Política e Economia

Petro e Francia assumem Presidência prometendo reformas estruturais na Colômbia

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Apoiado pelo Congresso, primeiro governo de esquerda do país quer paz com Venezuela e reforma agrária

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-07T14:54:07.000Z

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Gustavo Petro e Francia Márquez assumem neste domingo (07/08) a Presidência da Colômbia. Após vencer as eleições no segundo turno, em 19 de junho, esta é a primeira vez que uma coalizão de centro-esquerda chega ao poder na história colombiana.

Entre as medidas já anunciadas pela dupla está a retomada de relações diplomáticas com a Venezuela e a reabertura de fronteiras; o reinício de negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), maior guerrilha ativa do país.

A implementação integral dos Acordos de Paz de 2016 é uma das principais bandeiras do novo governo. Com maioria no Congresso, Petro e Francia também prometem levar adiante projetos de reforma agrária, tributária e nas estruturas de segurança do Estado, como uma resposta às demandas dos setores mobilizados em 2021 na maior greve geral da história do país.

Cerimônia de posse 

O ato de passagem da Presidência acontecerá na Praça Bolívar, centro da capital Bogotá, onde também fica localizada a sede do Executivo e da Assembleia Nacional colombiana. São esperadas cerca de 100 mil pessoas.

Entre os chefes de Estado confirmados no evento estão o chileno Gabriel Boric, o argentino Alberto Fernández, o equatoriano Guillermo Lasso, o paraguaio Mario Abdo Benitez, o boliviano Luis Arce, assim como o dominicano Luis Abinader e o panamenho, Laurentino Cortizo. A presidente hondurenha Xiomara Castro também viajará a Bogotá.

Já o presidente do Peru, Pedro Castillo, foi convidado, mas foi impedido pela Justiça de seu país de viajar para o exterior, pois está sendo investigado pelo Ministério Público. A vice-presidente, Dina Boluarte representará o governo peruano na posse.

O Brasil será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França. A vitória da esquerda foi criticada por Jair Bolsonaro, que disse que Petro, assim como Lula, iria "soltar todos os meninos presos". O candidato à deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) foi convidado.

Os Estados Unidos enviarão uma comitiva liderada pela presidente da Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Samantha Power, que será acompanhada pelo assessor da Casa Branca Juan González e o presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, Gregory Meeks. A Espanha enviará o rei Felipe VI e o presidente de governo, Pedro Sánchez.

Gabinete de ministros

Antes mesmo de assumir a gestão, Petro já anunciou cerca de metade dos ministros que o acompanharão no Executivo.

Na pasta da Fazenda, nomeou o economista José Antonio Ocampo, que desempenhou a mesma função durante o mandato de Ernesto Samper, em 1994. Após deixar o governo colombiano, Ocampo também ocupou o cargo de secretário executivo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) no início dos anos 2000.

Reprodução/ @FranciaMarquezM
Petro e Márquez tomam posse neste domingo (07/08) para governar a Colômbia pelos próximos quatro anos

O advogado Iván Velásquez Gómez será o novo ministro de Defesa. Nos anos 90, atuou como procurador do departamento de Antioquia liderando investigações contra o paramilitarismo. Gómez também foi magistrado auxiliar na Corte Suprema de Justiça e chefe da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala. 

O chanceler será Álvaro Leyva, membro do Partido Liberal, e um dos mediadores dos Acordos de Paz, assinados em 2016, em Havana. Identificado como "homem de confiança" do ex-presidente Juan Manuel Santos, Leyva também foi ministro de Minas e Energia na década de 1980, vereador, deputado e senador. 

Outro personagem conhecido da política colombiana que deve assumir um cargo no novo governo é Alejandro Gaviria, membro do Partido Liberal, que ficará com o Ministério de Educação. Gaviria é engenheiro civil, foi um dos autores do Plano de Desenvolvimento de 2002 a 2006, durante o governo de Álvaro Uribe, e ministro de Saúde entre 2012 e 2018, na gestão de Santos.  

A psiquiatra Carolina Corcho será a nova ministra da Saúde. Corcho foi secretária de Saúde de Bogotá, durante a gestão de Petro como prefeito da capital. 

A pasta do Meio Ambiente será coordenada por Susana Muhamad, representante do movimento Colombia Humana, criado por Petro. Assim como a nova ministra de Saúde, a ambientalista também trabalhou na prefeitura de Bogotá durante a gestão petrista, e nos últimos três anos foi vereadora na capital. 

A economista Cecilia López será a nova ministra de Agricultura, na mesma pasta que conduziu durante o governo de Ernesto Samper. López também já foi ministra do Meio Ambiente, diretora do programa de Empregos da Cepal e senadora entre 2006 e 2010. 

A primeira mulher indígena a ocupar um cargo diplomático na Colômbia será Leonor Zalabata Torres, líder do povo Arhuaca, nomeada como embaixadora na ONU.

Outra mulher a assumir um Ministério será Patricia Ariza, atriz e militante histórica do setor cultural, diretora do Teatro La Candelaria - referência do teatro de arena colombiano. Há 30 anos organiza o Festival "Mulher em Cena pela Paz".

Os novos chefes do Executivo também anunciaram a criação do Ministério de Igualdade, que será dirigido pela vice-presidente Márquez. Um dos objetivos da visita dela ao Brasil, em julho deste ano, foi conhecer experiências de política de inclusão social e as ações afirmativas criadas nos governos petistas.

A dupla também prometeu criar o Ministério de Paz, Segurança e Convivência, uma proposta da Comissão da Verdade que fez recomendações a respeito do conflito armado. O grupo, criado a partir dos Acordos de Paz de Havana, em 2016, teve três anos para dialogar com todas as partes do conflito e elaborar o documento final com recomendações, que foi entregue no dia 28 de junho.

Uma das redatoras do informe final da Comissão da Verdade, Patricia Tobón, foi indicada para assumir a Unidade de Vítimas do conflito.

O mandato presidencial tem duração de quatro anos, e Petro e Francia, assumem com a maior bancada governista da última década, em comparação com os seus antecessores.

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