A Duma (câmara baixa do parlamento) da Rússia aprovou uma condenação de um massacre de 20 mil poloneses cometido na Segunda Guerra Mundial, atribuindo a culpa a Stalin (1924-1953), nesta sexta-feira (26/11).
O episódio, conhecido como massacre de Katyn, aconteceu em 1940 e foi, durante décadas, um tema sensível na relação entre a Polônia e a Rússia, mesmo na época em que esta última fazia parte da União Soviética e os dois países eram aliados socialistas.
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Segundo a resolução aprovada pela Duma, o ditador foi o culpado pela chacina, conduzida por agentes do NKVD (o serviço de espionagem da URSS na época, antecessor da KGB).
“Na propaganda oficial soviética, a responsabilidade pela tragédia de Katyn era atribuída aos criminosos nazistas. Essa versão foi, durante muitos anos, objeto de discussões escondidas, mas por isso não menos acesas na sociedade soviética e provocou sempre a ira, a reprovação e a desconfiança do povo polonês”, diz o texto dos deputados.
A emissora europeia Euronews noticiou que os deputados russos expressaram um “profundo pesar” e enviaram “condolências para os parentes e amigos das vítimas”. A resolução teve o apoio de todas as bancadas na Duma, menos a dos comunistas.
Em abril, o presidente polonês, Lech Kaczynski, morreu junto com dezenas de autoridades de primeiro escalão num acidente aéreo em Katyn, justamente quando a comitiva iria prestar homenagem aos mortos.
Arquivos abertos
Depois do acidente, segundo o jornal espanhol ABC, a Rússia decidiu abrir os arquivos sobre o massacre. O diretor da Rosarkhiv (agência russa de arquivos), Andrei Artizov, disse que o presidente Dmitri Medvedev ordenou que todas as cópias digitais dos documentos referentes ao episódio, antes de acesso exclusivo pelo presidente, fossem colocadas no website da instituição.
“Os documentos publicados, que foram guardados durante muitos anos nos arquivos secretos, não só mostram a envergadura dessa tragédia terrível, como testemunham que o crime de Katyn foi cometido por ordem direta de Stalin e de outros dirigentes soviéticos”, diz a resolução.
Em abril de 1990, o então presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov, já tinha reconhecido a responsabilidade de Moscou pelo episódio, de acordo com a Euronews.
“Esperamos que seja aberta uma nova etapa nas relações entre nossos países, que deverá ser desenvolvida dentro dos valores democráticos”, conclui a declaração da Duma.
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