Em uma matéria publicada nesta quinta-feira (13/04), o jornal norte-americano Washington Post refletiu sobre a atual postura externa do governo brasileiro sob Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o presidente finaliza a sua viagem para a China.
O veículo abre o texto lembrando dos primeiros meses do terceiro mandato de Lula, destacando posturas que foram marcantes para a comunidade internacional, como quando ele “recusou a se juntar ao presidente [Joe] Biden para condenar a invasão russa da Ucrânia, permitiu que navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro e enviou um conselheiro sênior para se encontrar com o forte venezuelano Nicolás Maduro”.
“Lula está lembrando o mundo de sua abordagem da política externa – que, de acordo com seu primeiro mandato, prioriza o pragmatismo e o diálogo, e mostra pouca preocupação sobre se isso antagoniza Washington ou o Ocidente”, alegou o jornal.
Sobre a viagem de três dias do líder brasileiro para a China, o Washington Post disse: “Mais de 200 líderes empresariais brasileiros se dirigiram para a China antes da chegada de Lula, para fazer uma enxurrada de negócios que aproximará o Brasil de seu maior parceiro comercial, num momento em que as relações entre Washington e Pequim têm se tornado cada vez mais tensas”.
O veículo ainda afirmou que Brasília “está ajudando Pequim a impulsionar sua moeda, o yuan, sobre o dólar”, enquanto Xi Jinping “está pressionando para elevar a ordem internacional liderada pelos Estados Unidos e posicionar a China como um corretor de poder diplomático”.
Ricardo Stuckert
Lula chegou em Xangai na última quarta-feira (12/04), e partiu para Pequim nesta quinta-feira (13/04)
Abordando a postura diplomática do atual governo brasileiro, o jornal usou como exemplo o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, ressaltando o apoio do Brasil à resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo fim da guerra na Ucrânia, em fevereiro.
“Semanas depois, Lula se recusou a assinar uma declaração da Cúpula para a Democracia do Presidente Biden que condenava o ataque da Rússia a seu vizinho. Um conselheiro sênior disse que Lula não acreditava que o fórum fosse o lugar apropriado para discutir a guerra”, declarou o texto.
O jornal, então, contrastou a diferença entre a postura de política externa de Lula com a de Bolsonaro, caracterizando a de Bolsonaro como um “isolamento combativo”.
Celso Amorim, conselheiro sênior do presidente, disse, em entrevista para a matéria, que “o Brasil quer reformar a governança mundial”, e completou: “gostaríamos de ter uma governança mundial que não se pareça com o atual Conselho de Segurança”.
“China e Brasil retrataram seus laços um com o outro – e com a Rússia – como sendo de crescente consequência global” disse o veículo, que destacou que, hoje, nenhum dos outros integrantes do BRICS (Brasil, Índia, China e África do Sul) atualmente impõem sanções à Rússia.
“O Brasil confia na Rússia como o principal fornecedor de fertilizantes para seu setor agrícola, o que alimenta suas florescentes exportações para a China. O comércio da Rússia com o Brasil e a China atingiu níveis recordes em 2022”, afirmou o Washington Post.