(atualizada às 13h46 e 14h17 e 14h45)
A Justiça do Reino Unido concedeu liberdade condicional ao fundador do website Wikileaks, o jornalista australiano Julian Assange, mediante pagamento de fiança nesta terça-feira (14/12). Assange estava preso há duas semanas, sob uma ordem de prisão emitida pela Justiça da Suécia, onde é procurado por abusos sexuais.
A decisão foi emitida pelo juiz Howard Riddle, de Londres, onde o jornalista foi mantido preso. Agora, Assange deverá voltar à corte para uma nova audiência no dia 11 de janeiro do ano que vem.
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As condições de soltura que Assange terá de cumprir, segundo pedido dos próprios advogados, incluem o pagamento de 200 mil libras (cerca de 540 mil reais), obediência a um toque de recolher, retenção do passaporte, manutenção de escolta por dois seguranças e prestação de relatórios diários à polícia.
Ainda assim, Julian Assange ainda deve passar a noite de hoje na cadeia, de acordo com a imprensa britânica. A defesa ainda pode recorrer das condições.
“Acreditamos que o processo movido pela Suécia é abusivo, mas isso será decidido pelo tribunal. Faremos um depósito no valor da fiança. Quando o dinheiro for identificado, o Sr. Assange será liberado. Por enquanto, ele continua preso em Wandsworth, a mesma prisão onde ficou [o escritor irlandês do século XIX] Oscar Wilde”, disse o advogado Mark Stephens em entrevista à imprensa na porta do fórum, transmitida pela rede BBC.
Segundo o jornal inglês The Guardian, houve comemorações por parte de apoiadores do australiano, tanto dentro quanto do lado de fora do tribunal. Entre os presentes, estavam o cineasta Ken Loach, a ativista Bianca Jagger (ex-mulher de Mick Jagger), a paquistanesa Fatima Bhutto (sobrinha de Benazir Bhutto), o historiador Tariq Ali, e a socialite e filantropa Jemima Khan.
O público era tão grande que, ao abrir a sessão, o juiz pediu desculpas pelo fato de a sala de audiências não ser grande o suficiente para comportar todos.
Curiosamente, embora fossem proibidas filmagens ou gravações de áudio dentro do tribunal, Riddle abriu uma exceção expressa para permitir que os presentes usassem celulares e computadores para “twittar” mensagens.
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No processo movido na Suécia, Julian Assange é acusado de ter abusado sexualmente de duas mulheres, em agosto deste ano. Ele nega todas as acusações.
“Duvidamos que esta categoria de estupro [mencionada no processo na Suécia] seria considerada estupro pela lei inglesa”, disse o advogado de Assange, Geoffrey Robertson.
O jornalista australiano tem 39 anos de idade e criou o site que provocou a fúria dos Estados Unidos por publicar milhares de despachos diplomáticos confidenciais enviados por embaixadores norte-americanos em vários lugares do mundo.
Para a representante do governo britânico no processo, Gemma Lindfield, o caso “não é sobre o Wikileaks”. De acordo com o jornal australiano Sydney Morning Herald, ela defendeu que o pedido fosse negado, dizendo que “nada mudou na última semana”.
Apoio caloroso
Assange chegou ao tribunal em uma van, cinco horas antes do horário marcado, segundo o Herald. Já então havia filas de 50 metros de jornalistas e apoiadores, que esperaram na rua sob temperaturas abaixo de zero. A mãe do jornalista, Christine, chegou há pouco da Austrália para apoiar o filho e o visitou em sua cela na prisão, em Wandsworth.
“Eu disse a ele que as pessoas em todo o mundo, em todos os tipos de países, estão de pé, com cartazes e gritando por sua liberdade e pedindo justiça. Ele estava muito animado com isso”, disse ela, citada pelo jornal australiano.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu Assange. “Vamos fazer o primeiro protesto contra a liberdade de expressão na internet porque o rapaz [Assange] estava colocando lá apenas o que ele leu. E, se ele leu, é porque alguém escreveu. O culpado não é quem divulgou, mas quem escreveu a bobagem”, disse Lula.
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