O embaixador da França no Níger, Sylvain Itté, deixou o país nesta quarta-feira (27/09) em direção a Paris. O presidente francês Emmanuel Macron anunciou sua partida no domingo (24/09) à noite durante uma entrevista para a tv. O diplomata e vários membros de sua equipe estavam escondidos na embaixada desde o levante militar no final de julho.
O embaixador francês decolou de Niamey na quarta-feira para Ndjamena, a capital do Chade, de onde deve pegar um voo para Paris. Juntamente com seis membros de sua equipe, o embaixador deixou a residência francesa em Niamey por volta das 4 horas da manhã no horário local, sob forte escolta, de acordo com informações de agências francesas.
Itté seguiu em comboio, acompanhado por um comando das forças especiais francesas e por agentes de segurança nigerinos, e se dirigiu à base militar de Niamey, de onde partiu a bordo de um avião militar francês.
Sua partida marca o fim de várias semanas de cabo de guerra entre Paris e a junta no poder em Niamey. Os golpistas haviam declarado o embaixador francês persona non grata no final de agosto e ordenaram que ele deixasse o país em 48 horas.
O motivo alegado foi a recusa de Sylvain Itté em responder a um convite do Ministério das Relações Exteriores do Níger para uma reunião. Segundo os militares, isso também se deveu a “ações do governo francês contrárias aos interesses do Níger”.
Reprodução / @Sylvain Itté
Diplomata deixou Niamey quase exatamente um ano após sua chegada ao país
A França se recusou a ceder a esse ultimato. Desde o golpe de Estado, o país não reconheceu o regime militar. A partir de então, as relações entre Paris e a junta se deterioraram consideravelmente.
“Refém” em uma situação de quase bloqueio
Desde então, Sylvain Itté e seis membros de sua equipe estão escondidos em uma embaixada vigiada de perto pelos militares nigerinos. Privado de sua imunidade diplomática e de seu visto, o embaixador viveu por quase um mês em reclusão na residência francesa sob bloqueio virtual.
O presidente francês Emmanuel Macron sentiu que ele estava sendo mantido como “refém” pelos militares no poder, que estavam impedindo que os suprimentos de alimentos chegassem à representação diplomática francesa.
Sua saída, portanto, tornou-se inevitável. Embora o governo francês tenha prometido inicialmente mantê-lo no cargo, Paris finalmente deu uma reviravolta no domingo. Emmanuel Macron disse que o embaixador retornaria à França “nas próximas horas”.
O diplomata, nascido em Bamaco (capital do Mali), deixou Niamey sob coação, quase exatamente um ano após sua chegada ao país. Emmanuel Macron também anunciou que os 1.500 soldados franceses posicionados em Niamey deixariam o Níger até o final do ano.