O futuro incerto de que a chamada “geração 500 euros” sempre se queixou é agora mais previsível, mas isso não é uma boa notícia: segundo um relatório divulgado esta semana, o desemprego entre os jovens deve atingir 18% em 2011 e 17% em 2012 nos países do Primeiro Mundo. O número maior que o dobro da atual taxa de desemprego total, que afetava 8,6% de jovens e adultos em outubro de 2010.
A previsão divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) na quarta-feira (15/12) afirma que o desemprego deve atingir principalmente os trabalhadores mais jovens, com a porcentagem de desempregados entre os 15 e os 24 anos mantendo-se acima dos 17% até 2012.
Na Europa, a taxa de desemprego jovem será ainda mais elevada: pode chegar a 21% em 2011 e aproximar-se dos 20% em 2012.
Esta situação tem acompanhado a escalada da taxa de desemprego total e agravou-se com a crise econômica. Um estudo do Eurostat já revelava que, em setembro, 19,9% dos jovens com menos de 25 anos e em condições para trabalhar não tinham emprego: em números absolutos, eram 84 mil jovens num universo de 581 mil desempregados (jovens e adultos).
A faixa etária entre os 15 e 24 anos é a mais penalizada pela falta de geração de empregos e pela precariedade do mercado de trabalho. Desde que a crise começou, mais de 3,5 milhões de jovens ficaram desempregados na área da OCDE (que inclui os países da Europa Ocidental, EUA, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Coréia do Sul, Turquia, Israel, México e Chile).
A organização não duvida que “os jovens têm sofrido de forma desproporcionada com as perdas de emprego durante a crise económica global”, cita o jornal I, e enfatiza que estes números do desemprego não mostram as reais dificuldades dos mais novos. Os números reais dos inativos não são contabilizados.
“Muitos dos que deixaram os sistemas de ensino nem sequer aparecem nas estatísticas do mercado de trabalho”, adianta o relatório.
Pelo menos 16,7 milhões de jovens dos 26 países desenvolvidos que integram a organização não estudam, não trabalham nem têm qualquer formação profissional. Entre esses, enquanto 6,7 milhões estão desempregados, 10 milhões estão completamente inativos e já pararam de procurar emprego.
Entrar no mercado
A organização que reúne os 26 países mais desenvolvidos do mundo estima que os jovens têm hoje quase duas vezes mais probabilidades de ficar no desemprego do que os trabalhadores adultos. De acordo com o relatório, sempre que o desemprego sobe, os jovens com menos de 25 anos são os que ficam mais vulneráveis, porque, num contexto de crise, são criados menos postos de trabalho, logo as oportunidades de emprego diminuem e os vínculos precários aumentam.
O relatório da OCDE mostra ainda que a transição entre a escola e o trabalho é cada vez mais demorada. Na Europa, entre 2005 e 2007, pelo menos um em cada cinco jovens entre os 15 e os 29 estava em risco de aceitar empregos precários: 55% deles estavam fora do mercado pela falta de um diploma, por pertencerem a um grupo minoritário ou viverem em áreas rurais; e 45% não tinham um trabalho estável depois de terem começado a trabalhar há dois anos por via de um contrato temporário.
Defender o emprego
A OCDE defende que os governos devem investir em programas de apoio à procura de emprego e em medidas como a atribuição de subsídios às empresas para contratação de trabalhadores jovens. O secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, em comunicado, não só ressaltou que a entrada dos jovens no mercado de trabalho vai “tornar mais forte a recuperação econômica” como alertou para os riscos de exclusão de uma geração que não consegue obter ou conservar um primeiro emprego.
“Investir na juventude é vital para evitar criar uma geração marcada pelo risco da exclusão de longo prazo. Podemos aprender com os países que facilitaram o acesso ao mercado de trabalho pelos mais jovens”, defende Angel Gurría.
*Publicado originalmente em no portal português Esquerda.net
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