A formação de gás do xisto, chamada Marcellus Shale, possui 246 mil quilômetros quadrados, com centro na Pensilvânia, nos Estados Unidos, e se estende desde a Virgínia Ocidental e Ohio até o sul de Nova York. Atualmente, estima-se que a formação contenha 500 trilhões de pés cúbicos (TCF), o que a transformaria no segundo maior depósito de gás natural do mundo, depois do campo South Pars-North Dome, entre o Irã e o Catar.
Os EUA são os maiores consumidores mundiais de gás natural e 20% de sua eletricidade vêm deste recurso, considerado mais limpo que os demais, o que o torna um candidato a resolver os problemas energéticos do país de uma vez.
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A existência da reserva é conhecida há décadas, mas a extração do gás é bastante complexa e cara, já que a formação rochosa está a uma profundidade entre 1.200 e 1.600 metros. O cenário, porém, se modificou há poucos anos com o aumento do preço do gás natural e o desenvolvimento de novas tecnologias, sobretudo a perfuração horizontal e a fratura hidráulica, ou fracking, na qual se injetam milhões de litros de água a alta pressão com areia e produtos químicos tóxicos para liberar o gás.
Depois de vários anos de experiências, a empresa Range Resources perfurou o primeiro poço Marcellus em 2004, no sudoeste da Pensilvânia. Em 2007, foram perfurados 20 poços na Pensilvânia, número que chegou a 200 em 2008 e quase 800 em 2009, uma cifra que provavelmente dobrou em 2010, provocando uma segunda revolução energética no estado.
O primeiro poço de petróleo do mundo foi perfurado na Pensilvânia em 1859, transformando-a no coração da indústria do carvão e do aço dos EUA no século passado. Mesmo assim, seus habitantes não se esquecem do desastre ambiental provocado, incluindo 260 milhões de toneladas de carvão abandonadas e milhares de hectares destruídos.
Dezenas de empresas de gás do mundo todo invadiram a região, lideradas pela Exxon Mobil com o apoio logístico da Halliburton, investindo bilhões de dólares. Depois, minimizam os riscos e prometem criar 200 mil postos de trabalho na região, que há anos luta para ressuscitar seu setor industrial. As empresas afirmam ainda já ter pagado 3,5 bilhões de dólares em aluguel de terras e direitos a fazendeiros locais nos últimos dois anos.
Os ativistas ambientais, porém, insistem em denunciar a contaminação de aquíferos e do ar. Alguns especialistas observam que a experiência anterior dessas empresas na perfuração de posços de gás em outras partes do país não é necessariamente relevante na Pensilvânia, pois o Marcellus Shale é uma capa de ardósia que contém níveis elevados de metais pesados tóxicos.
Aas isenções na lei de energía – redigida sob a supervisão do vice-presidente e ex-diretor da Halliburton Dick Cheney – também preocupa, já que a legislação federal sobre água potável não se aplique ao fracking. A Halliburton – investigada por supostas falhas no projeto do poço da BP Deepwater Horizon – inventou este processo e é a empresa responsável por blindar os poços de gás.
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