Em 14 de janeiro de 1963, o presidente da França, Charles de Gaulle, define os grandes eixos da política externa do país. Em primeiro lugar, a firme oposição à entrada do Reino Unido na CEE (Comunidade Econômica Européia), pois “a natureza, a estrutura, a conjuntura, que são próprias da Inglaterra, diferem dos países continentais”. De Gaulle desconfiava, acima de tudo, das relações especiais que o Reino Unido mantinha com os Estados Unidos. No mesmo dia, o presidente reafirmou a autonomia da defesa nuclear francesa frente a Washington.
O principal problema político na criação da CEE foi o fato de um país importante como o Reino Unido ter sido contra. Os britânicos se negaram a ingressar pela importância das relações comerciais, políticas e até sentimentais com as colônias e ex-colônias, pertencentes quase todas à Commonwealth e por se opor à uma união aduaneira.
Londres defendia a criação de uma zona de livre comércio, em que seriam abolidos os direitos alfandegários internos, mas em que cada país tivesse liberdade de decidir suas próprias políticas em relação aos países não comunitários. Eles também não tinham nenhuma vontade de participar de um projeto em que se previa o fim da soberania de cada estado em benefício de instituições supranacionais europeias. Os britânicos desconfiavam, e ainda desconfiam, do objetivo da unidade política europeia.
Alternativa britânica
A reação do governo britânico foi criar a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA em sua sigla em inglês), aderida por Suécia, Suíça, Noruega, Dinamarca, Áustria e Portugal. A associação, longe de qualquer projeto de integração política, foi uma mera zona de livre comércio, essencialmente de produtos industriais, e não reconhecia qualquer fronteira comum.
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Em 1963, o presidente da França, Charles de Gaulle, define os grandes eixos da política externa do país
Os britânicos deram rapidamente conta do seu erro. Enquanto a CEE protagonizava um crescimento econômico espetacular, com taxas de crescimento nos anos 1960, o Reino Unido continuou com sua tendência decrescente em relação aos países do continente.
Veto francês
Em agosto de 1961, o primeiro-ministro britânico solicitou o início das negociações para a entrada do Reino Unido na CEE. Depois de várias tentativas, o líder francês, Charles de Gaulle, decidido a construir o que chamava uma “Europa das pátrias” que se tornasse independente das duas superpotências que protagonizavam a “guerra fria” e receoso da estreita vinculação britânica a Washington, vetou, em 1963, a entrada britânica na CEE. Quando, em 1967, o governo trabalhista de Harold Wilson tornou a solicitar a entrada na CEE, o general francês voltou a vetar a adesão do Reino Unido.
De Gaulle, apesar de defender uma Europa forte perante os Estados Unidos e a União Soviética, nunca acreditou numa Europa unida politicamente. Para ele, a independência nacional da França, país que tentou denodadamente manter com o estatuto de potência, era uma questão inegociável.
Após a saída de De Gaulle em 1969 houve a adesão britânica. Vencendo a oposição de setores importantes da opinião pública britânica, contrários à adesão à CEE e claramente “anti-europeus”, finalmente em 1972 as negociações foram bem-sucedidas.