Em 22 de fevereiro de
1967, o presidente indonésio Ahmed Sukarno entrega a renúncia de
todo o gabinete ministerial ao ditador militar general Haji Mohammad
Suharto, permanecendo como presidente decorativo. O golpe militar
levou a Indonésia a um banho de sangue. Suharto se convenceu de que
era necessário liquidar toda a oposição do país, principalmente
os grupos de esquerda.
Wikipedia
Retrato oficial de Suharto, acompanhado de sua esposa, Siti Hartinah
Então, Suharto assinou vários acordos de cooperação
militar e de segurança, principalmente com os Estados Unidos e com a
Inglaterra. Foi deslocado para a Indonésia o maior contingente de
agentes da CIA (Agência Central de Inteligência norte-americana) e
instrutores para treinamento das forças armadas e da repressão
policial de que se tem notícia. O país foi transformado no maior
laboratório de repressão política da CIA no mundo.
Mais Hoje na História:
19/02/1981 – EUA começam a intervir na Guerra Civil de El Salvador
20/02/1877 – A estreia do balé O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky
21/02/1965 – Malcolm X é assassinado no Harlem
Em 1965, Suharto havia
salvado por pouco Sukarno de um golpe da esquerda. Em 1967, ele
assumiu plenos poderes e, em 1968, foi eleito, em eleições
contestadas, presidente na nação. Recebendo farta assistência dos
Estados Unidos, Suharto conseguiu certa estabilidade e progresso
econômico. Entretanto, foi duramente criticado por seu governo
repressor e pela invasão do Timor Leste, em 1975, que deixou cerca
de 100 mil timorenses morrerem de fome, doenças e guerra. Ele se
manteve no cargo porque era reeleito a cada cinco anos, até que foi
forçado a renunciar em 1998. Suharto morreu em 27 de janeiro de 2008
sem nunca ter sido julgado por um tribunal.
Wikimedia Commons
Manifestação na Austrália contra a invasão indonésia de Timor-Leste
O crescimento esquerda
e a repressão
Entre 1959 e 1965, mais
de 15 milhões de pessoas se filiaram a partidos políticos ou
organização de massa no país. Segundo o historiador australiano,
Harold Crouch, o PKI, Partido Comunista da Indonésia, era o maior
partido comunista do mundo fora da URSS (União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas) e da China, com mais de três milhões de
filiados. Crescia, aceleradamente e se popularizava com as grandes
manifestações de massa. Aos olhos da CIA e de Suharto, o
crescimento do PKI representava um perigo para a região. Afinal, no
vizinho Vietnã a situação não era boa para os EUA.
Leia as reportagens especiais do Opera Mundi no Vietnã:
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Entre
1965 e 1966, de posse da lista de filiados e ativistas, Suharto, com
a colaboração da CIA e do serviço secreto britânico, dividiu a
Indonésia em regiões de maior concentração de ativistas e deu
início à perseguição em uma “operação limpeza”.
Milhares e milhares de pessoas foram retiradas de suas casas e
executadas em plena luz do dia. Os relatos das torturas e execuções
são apavorantes, tal a brutalidade dos militares de Suharto. Pessoas
eram sequestradas e decapitadas, as cabeças apareciam sobre os muros
nas ruas das cidades. Na ilha de Bali foram executadas 80 mil
pessoas, que eram dominadas, mãos atadas e eliminadas. Nas aldeias
indonésias, jovens foram trucidados, os pênis arrancados e
alinhados em fileiras para depois contar os mortos.
Agentes da CIA
revelaram à época que os métodos utilizados nos interrogatórios e
na repressão política foram pesquisados em relatos de livros do
período da Inquisição, posto que o sistema do Santo Ofício era
eficiente e estava sendo testado na “Operação Modelo” com
muito sucesso.
Robert J. Martens, ex-adido político da
embaixada norte-americana e Joseph Lazarsky, subchefe do escritório
da CIA ambos em Jacarta, confirmaram à imprensa que passaram ao
exército de Suharto uma lista de cinco mil pessoas, consideradas as
mais importantes cabeças do PKI.
A CIA sugeriu a
Washington investir em equipamentos. Uma rede completa de comunicação
de última geração foi levada por aviões da força aérea
americana baseada nas Filipinas. Naquela altura, a Indonésia foi
beneficiada também por um empréstimo do governo britânico de 1
bilhão de libras esterlinas para compra de equipamentos militares e
policiais.
Ataques especulativos contra os “tigres
asiáticos” começaram a ocorrer em julho de 1997, tendo seu
ápice em meados de 1998. No final de 1997, a quarta maior
instituição financeira do Japão, a Yamaichi Securitis, decretou
falência. As autoridades monetárias revelaram as instituições
financeiras do país totalizavam mais de 580 bilhões de dólares em
títulos podres. Para compensar as perdas da inadimplência, os
bancos japoneses resolveram retirar dinheiro dos mercados do sudeste
asiático.
Leia mais:
Hoje na História: 1944 – Churchill e Stalin começam a discutir futuro da Europa no pós-guerra
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Suharto não servia mais aos negócios do Ocidente.
O país estava com uma dívida de 262 bilhões de dólares, valor
correspondente a 170% de seu produto interno bruto. Uma onda de
protestos, puxada pelos estudantes contra o governo, varre o país.
Suharto não pôde resistir e caiu em junho de 1998, mas deixou em
seu lugar Jusuf Habibie, um de seus delfins.
A Indonésia é
hoje um dos países de maior desigualdade no mundo, com mais de 70
milhões de pessoas pobres, condenadas a pagar as dívidas contraídas
pelo ditador. A agricultura familiar deu lugar ao agro-negócio,
milhões de famílias foram expulsas das terras, numa verdadeira
diáspora, e se amontoaram nas periferias das grandes cidades, em
condições subumanas.
Outros fatos marcantes da
data:
22/02/1847 – Começa a famosa batalha de Buena Vista entre
tropas do México e dos Estados Unidos
22/02/1917 – Mussilini
é ferido acidentalmente por bomba de morteiro
22/02/1946 – George
Kennan envia longo telegrama que incentivou a Guerra Fria
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