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Política e Economia

Hoje na História: 1967 - General Suharto assume o poder na Indonésia e provoca um banho de sangue

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Hoje na História: 1967 - General Suharto assume o poder na Indonésia e provoca um banho de sangue

Max Altman

2011-02-22T11:00:00.000Z

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Em 22 de fevereiro de 1967, o presidente indonésio Ahmed Sukarno entrega a renúncia de todo o gabinete ministerial ao ditador militar general Haji Mohammad Suharto, permanecendo como presidente decorativo. O golpe militar levou a Indonésia a um banho de sangue. Suharto se convenceu de que era necessário liquidar toda a oposição do país, principalmente os grupos de esquerda.

Wikipedia

Retrato oficial de Suharto, acompanhado de sua esposa, Siti Hartinah

Então, Suharto assinou vários acordos de cooperação militar e de segurança, principalmente com os Estados Unidos e com a Inglaterra. Foi deslocado para a Indonésia o maior contingente de agentes da CIA (Agência Central de Inteligência norte-americana) e instrutores para treinamento das forças armadas e da repressão policial de que se tem notícia. O país foi transformado no maior laboratório de repressão política da CIA no mundo.

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Em 1965, Suharto havia salvado por pouco Sukarno de um golpe da esquerda. Em 1967, ele assumiu plenos poderes e, em 1968, foi eleito, em eleições contestadas, presidente na nação. Recebendo farta assistência dos Estados Unidos, Suharto conseguiu certa estabilidade e progresso econômico. Entretanto, foi duramente criticado por seu governo repressor e pela invasão do Timor Leste, em 1975, que deixou cerca de 100 mil timorenses morrerem de fome, doenças e guerra. Ele se manteve no cargo porque era reeleito a cada cinco anos, até que foi forçado a renunciar em 1998. Suharto morreu em 27 de janeiro de 2008 sem nunca ter sido julgado por um tribunal.

Wikimedia Commons

Manifestação na Austrália contra a invasão indonésia de Timor-Leste

O crescimento esquerda e a repressão


Entre 1959 e 1965, mais de 15 milhões de pessoas se filiaram a partidos políticos ou organização de massa no país. Segundo o historiador australiano, Harold Crouch, o PKI, Partido Comunista da Indonésia, era o maior partido comunista do mundo fora da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e da China, com mais de três milhões de filiados. Crescia, aceleradamente e se popularizava com as grandes manifestações de massa. Aos olhos da CIA e de Suharto, o crescimento do PKI representava um perigo para a região. Afinal, no vizinho Vietnã a situação não era boa para os EUA.

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Entre 1965 e 1966, de posse da lista de filiados e ativistas, Suharto, com a colaboração da CIA e do serviço secreto britânico, dividiu a Indonésia em regiões de maior concentração de ativistas e deu início à perseguição em uma "operação limpeza". Milhares e milhares de pessoas foram retiradas de suas casas e executadas em plena luz do dia. Os relatos das torturas e execuções são apavorantes, tal a brutalidade dos militares de Suharto. Pessoas eram sequestradas e decapitadas, as cabeças apareciam sobre os muros nas ruas das cidades. Na ilha de Bali foram executadas 80 mil pessoas, que eram dominadas, mãos atadas e eliminadas. Nas aldeias indonésias, jovens foram trucidados, os pênis arrancados e alinhados em fileiras para depois contar os mortos.

Agentes da CIA revelaram à época que os métodos utilizados nos interrogatórios e na repressão política foram pesquisados em relatos de livros do período da Inquisição, posto que o sistema do Santo Ofício era eficiente e estava sendo testado na "Operação Modelo" com muito sucesso.

Robert J. Martens, ex-adido político da embaixada norte-americana e Joseph Lazarsky, subchefe do escritório da CIA ambos em Jacarta, confirmaram à imprensa que passaram ao exército de Suharto uma lista de cinco mil pessoas, consideradas as mais importantes cabeças do PKI.

A CIA sugeriu a Washington investir em equipamentos. Uma rede completa de comunicação de última geração foi levada por aviões da força aérea americana baseada nas Filipinas. Naquela altura, a Indonésia foi beneficiada também por um empréstimo do governo britânico de 1 bilhão de libras esterlinas para compra de equipamentos militares e policiais.

Ataques especulativos contra os "tigres asiáticos" começaram a ocorrer em julho de 1997, tendo seu ápice em meados de 1998. No final de 1997, a quarta maior instituição financeira do Japão, a Yamaichi Securitis, decretou falência. As autoridades monetárias revelaram as instituições financeiras do país totalizavam mais de 580 bilhões de dólares em títulos podres. Para compensar as perdas da inadimplência, os bancos japoneses resolveram retirar dinheiro dos mercados do sudeste asiático.

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Suharto não servia mais aos negócios do Ocidente. O país estava com uma dívida de 262 bilhões de dólares, valor correspondente a 170% de seu produto interno bruto. Uma onda de protestos, puxada pelos estudantes contra o governo, varre o país. Suharto não pôde resistir e caiu em junho de 1998, mas deixou em seu lugar Jusuf Habibie, um de seus delfins.

A Indonésia é hoje um dos países de maior desigualdade no mundo, com mais de 70 milhões de pessoas pobres, condenadas a pagar as dívidas contraídas pelo ditador. A agricultura familiar deu lugar ao agro-negócio, milhões de famílias foram expulsas das terras, numa verdadeira diáspora, e se amontoaram nas periferias das grandes cidades, em condições subumanas.

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Sociedade

Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França

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Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-03-02T22:41:00.000Z

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Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país. 

A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.

O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.

O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950

O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro. 

Responsabilidade pelo passado

Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.

"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.

Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.

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