A onda de desemprego que atingiu companhias de grande porte como Mitsubishi, Honda e Toyota tem levado os brasileiros radicados no Japão a uma “corrida em massa” pelos benefícios sociais oferecidos à população de baixa renda.
Os subsídios garantidos por lei vão de valores em dinheiro – que podem chegar a R$ 1,9 mil mensais, como é o caso do auxílio-sobrevivência – a sorteios para se conseguir uma vaga num dos concorridos apartamentos de propriedade dos governos municipais.
Centenas de imóveis em conjuntos habitacionais estão sendo cedidos a desempregados em troca de aluguéis que podem custar cerca de 10 mil ienes por mês (algo como R$ 250). Esse valor chega a ser seis vezes menor do que a média cobrada por um apartamento de 30 metros quadrados nos arredores de Tóquio.
“Geralmente, esse processo é bem burocrático, mas como tem muita gente sem moradia, as prefeituras estão tratando o caso com a devida urgência”, avalia o presidente da Associação Brasil Fureai, Carlos Zaha.
A entidade foi criada há pouco mais de um mês na cidade de Hamamatsu, em Shizuoka, com a finalidade de atender vítimas da crise, seja com a divulgação de novas vagas de trabalho, seja repassando informações sobre direitos garantidos por lei, já que muitos não dominam o idioma japonês.
Perspectivas desanimadoras
Na opinião de Zaha, essa é a pior fase desde o surgimento do movimento dekassegui, quando os primeiros descendentes de japoneses chegaram ao arquipélago para trabalhar nas linhas de produção, em meados dos anos 80. “Todos os dias, recebemos mais de 50 telefonemas de pessoas que precisam de ajuda. Nosso foco não é distribuir cestas básicas, mas também temos feito doações. Vem aumentando cada vez mais os pedidos de fraldas descartáveis e leite em pó”, afirma o voluntário.
Uma pesquisa realizada pela Brasil Fureai junto a 20 agências de intermediação da contratação de mão-de-obra para as fábricas revelou perspectivas ainda mais desanimadoras para 2009. De acordo com o levantamento, essas empresas devem chegar ao mês de abril com o quadro reduzido em até 65%. Quando os primeiros sinais da recessão começaram a atingir o mercado japonês, em setembro, essas agências empregavam cerca de 6,5 mil brasileiros.
“Nunca pensei que passaria por isso no Japão”, diz Cláudia Cristina Moreira, 27, que no final do ano passado perdeu o posto de vendedora numa loja de produtos brasileiros da cidade de Toyota, em Aichi.
No país desde abril de 2008, Cláudia conta que a sua meta era juntar dinheiro para quitar uma dívida, mas sequer conseguiu juntar o valor necessário para comprar a passagem de volta. “Gosto muito do Brasil, mas no Japão eu tinha um porto seguro. Eu sabia que sempre que precisasse poderia viajar e ganhar um dinheirinho”.
Veja os últimos dados divulgados sobre a economia japonesa e as medidas adotadas pelos governos regionais.
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