O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou que os cinco pontos da agenda que está sendo negociada com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) serão finalizados antes do fim do ano e adiantou que o tema que envolve o narcotráfico deverá ser concluído em breve. Em entrevista concedida à agência Efe, o mandatário disse que a segunda maior guerrilha do país, o ELN (Exército de Libertação Nacional), se somará ao processo de diálogos que estão sendo realizados desde 2012 em Havana, Cuba.
Santos é candidato à reeleição nas eleições de maio e lidera a disputa, tendo como promessa principal acabar com o conflito armado em seu país, que dura mais de 50 anos e é a guerra civil mais longa do mundo. “Não gosto de colocar datas determinadas, mas a dinâmica faz pensar que durante este ano poderíamos terminar os cinco pontos da agenda” de diálogo com as FARC.
Durante a entrevista, o presidente reconheceu que o processo é complexo, repleto de dificuldades, inimigos e de contradições, mas ressaltou que há condições favoráveis à paz. “Isso as FARC entendem, há vontade da parte deles. Por isso espero que, ao longo deste ano, possamos terminar este processo tão complexo e importante”, insistiu.
Efe
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, durante entrevista concedida à Efe em Barranquilla, na Colômbia
O mandatário afirmou que um dos temas mais críticos do processo de negociação com a guerrilha, que é a solução para o problema das drogas ilícitas, poderá ser encerrado em breve: “Vamos fechar o ponto de narcotráfico nas próximas semanas”, adiantou.
Outros dois tópicos da pauta de diálogos já foram acordados: a política de desenvolvimento agrário e a participação da insurgência no processo político.
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Questionado sobre a possibilidade de buscar uma paz global que inclua o ELN, Santos respondeu: “É um desafio que espero que possamos abordar e tomara que possamos fazer com que confluam os dois processos e terminar de uma vez por todas as guerrilhas na Colômbia”.
A resolução do conflito é a base de sua campanha à reeleição e foi a grande aposta do governo Santos em seu mandato (2010-2014). A questão lhe custou o rompimento político com seu padrinho, o senador e ex-presidente Álvaro Uribe, de quem foi ministro da Defesa e que se tornou o maior opositor da atual gestão e dos diálogos de paz.
“Nestes quatro anos conseguimos criar muitíssimas condições para que o país avançasse no social e no econômico, e isso é parte do processo de paz, da redução da pobreza e da solidez da economia. Este país gerou mais emprego que qualquer outro da América Latina, mas a grande diferença seria colocar fim a um conflito que já está nos fazendo sangrar por 50 anos. Se conseguirmos tirar esse freio, o potencial do país, que avançou muitíssimo no meio do conflito, se multiplicaria, por isso estou tão empenhado em trazer a paz ao país”, defendeu.
Quanto à possibilidade de ser assinado um cessar-fogo durante as negociações, como defendido pelas FARC, o presidente ressaltou que “não há cessar-fogo. A ofensiva militar será mantida até o momento de assinarmos os acordos. Nesse momento, cessa o conflito. Definitivamente, eu não quero que isto se prolongue. Um cessar-fogo agora estimularia as FARC a prolongar a negociação e isto tem que acabar o quanto antes”.