O presidente da Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, Manuel Serifo Nhamadjo, será, a partir desta sexta-feira (11/05) o novo presidente do governo que liderará a transição no país após o golpe de Estado de 12 de abril.
A designação é o resultado de um acordo alcançado esta madrugada em Bissau entre a junta militar que controla o poder e uma delegação da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), que chegou à capital na quinta-feira.
Nas negociações participaram também partidos políticos, organizações da sociedade civil e líderes religiosos.
O novo presidente, que exercerá o cargo durante 12 meses, organizará as próximas eleições presidenciais sem possibilidade de se candidatar, de acordo com as decisões tomadas pela Cedeao para resolver a crise.
Os ministros de Relações Exteriores da Nigéria e da Costa do Marfim, Nurridine Mohamed e Daniel Kablan Duncan, respectivamente, lideraram a delegação da Cedeao.
Em declarações feitas após a reunião, Mohamed comentou que a Cedeao chegou a um acordo conforme o artigo 71 da Constituição guineense. Ela estipula que corresponde ao presidente da Assembleia Nacional assumir interinamente a Presidência em caso de vazio do poder.
O chefe da diplomacia nigeriana deixou claro que, nas atuais circunstâncias, não é possível a volta do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes e do ex-presidente interino Raimundo Pereira, que foram detidos no dia do golpe e libertados em 27 de abril, quando buscaram refúgio na Costa do Marfim.
Manuel Serifo Nhamadjo disse que, como presidente interino, consultará todas as forças do país para nomear o primeiro-ministro de transição que formará o governo, e pediu a colaboração de todas as partes para acabar com a crise e restabelecer a tranquilidade e a paz em Guiné-Bissau.
O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), legenda que estava no poder, rejeitou a nomeação de Nhamadjo, que considera contrária à Constituição. “Não reconhecemos Nhamadjo como presidente interino da República”, afirmou Augusto Olivais, secretário-nacional do PAIGC.
“A forma de atuar da Cedeao não é boa e não é uma solução nem para nosso povo, nem para a região e o continente africano”, disse Olivais, lembrando que Nhamadjo foi excluído do PAIGC por atividades dissidentes.
De fato, Nhamadjo se apresentou como candidato nas eleições presidenciais de fevereiro para marcar seu desacordo com relação à designação de Carlos Gomes Júnior como candidato do partido.
O levante aconteceu quando Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo, preparava o segundo turno da eleição presidencial, que deveria ter sido realizado no dia 29 de abril.
O levantamento militar foi condenado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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