África do Sul: partido governista é o mais votado, mas dissidência impede formar governo
Com 75% das urnas apuradas, sigla de Cyril Ramaphosa lidera com 41% dos votos; 12% do MKP, legenda do ex-premiê Jacob Zuma, evitam maioria absoluta dos governistas
A Comissão Eleitoral da África do Sul (IEC, por sua sigla em inglês) divulgou nesta sexta-feira (31/05) uma parcial da apuração das eleições gerais do país, com 75% das urnas contabilizadas, na qual o partido governista Congresso Nacional Africano (ANC) aparece com 41,7% dos votos válidos.
Apesar de esses números consolidarem o ANC como o partido mais votado na disputa, são insuficientes para formar uma maioria absoluta que permita a recondução do primeiro-ministro Cyril Ramaphosa ao poder, que só poderia ser alcançada se fosse superada a barreira dos 50% dos votos, como aconteceu em todas as eleições do país desde 1994 – quando o partido, então liderado por Nelson Mandela, chegou ao poder pela primeira vez.
O fator que proporcionou essa mudança foi o surgimento de um novo partido, o MKP, fundado pelo ex-premiê Jacob Zuma, antigo membro do ANC e que conformou essa nova sigla com outros dissidentes da bancada governista. A legenda obteve 12,8% dos votos até agora.
A sigla MKP é usada pelo partido apenas em seus comunicados internacionais. Para o público sul-africano, a sigla se apresenta com seu nome em zulu: uMkhonto we Sizwe, que significa “a lança da nação”.

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Cyril Ramaphosa e Jacob Zuma, ex-aliados cujo afastamento impede vitória da ANC nas eleições da África do Sul
A plataforma política do MKP se baseia em políticas de centro-esquerda similares às do atual governo, mas acrescentando um discurso pró-nacionalismo zulu, que costuma ser conservador em termos de direitos civis e hostil aos imigrantes de outras nações africanas no país.
No entanto, a votação do MKP só lhe garante o terceiro lugar. Em segundo ficou a Aliança Democratica (DA), de centro-direita e liderada pelo único candidato branco na disputa: John Steenhuisen, com 22,3% das preferências.
O quarto partido mais votado foi o Lutadores pela Liberdade Econômica (EFF), partido de orientação marxista-leninista e pan-africanista liderado por Julius Malema, que obtém 9,4% dos votos até o momento.