Tunísia, Marrocos, Cabo Verde e Gana são países em que empresas brasileiras que atuam no exterior expandiram suas operações em 2012, afirma o Ranking das Multinacionais Brasileiras 2013, divulgado nesta quarta-feira (28/08), em São Paulo, pela escola de negócios da FDC (Fundação Dom Cabral).
O estudo, em sua oitava edição, mostra que no ano passado as empresas que participaram da pesquisa deixaram o Bahrein, Noruega e Curaçao e pretendem, neste ano, entrar em mercados da América do Sul, Canadá, Sudeste Asiático, China e Rússia. O estudo não identifica as empresas que expandiram em 2012 sua atuação para Tunísia, Marrocos, Cabo Verde e Gana, mas o coordenador do núcleo e negócios internacionais da FDC, Serban Cretoiu, afirmou que o aumento de relações diplomáticas entre o Brasil e os países africanos pode ter influenciado nesta decisão.
“A imagem do Brasil no exterior é muito positiva, especialmente na África e no Oriente Médio, pois o Brasil não se envolve em questões internas e conflitos. Na África, a cooperação técnica implantada nos últimos dez anos beneficiou a imagem do País e até abriu portas no meio comercial”, disse Cretoiu, observando que a proximidade cultural é outro fator que aproxima os países.
De acordo com o levantamento, 67,39% das empresas que participaram da pesquisa pretendem expandir suas operações nos países em que já atuam e 42,55% pretendem entrar em novos mercados neste ano.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Vanessa Nogueira, aproximadamente 200 empresas foram procuradas durante a elaboração do ranking. Das 63 que responderam, 47 são multinacionais brasileiras com representações no exterior e 16 são companhias que atuam por meio do sistema de franquias.
Maiores
A multinacional brasileira mais internacionalizada foi o frigorífico JBS, pelo quarto ano seguido, com índice de 58,9% de internacionalização entre as 63 empresas que responderam ao questionário. Em segundo lugar está a siderúrgica Gerdau (54,2%), seguida por Stefanini (tecnologia da informação), Magnesita (refratários e minerais industriais), Marfrig (frigorífico), Ibope (pesquisas), Odebrecht (construção civil), Sabó (autopeças) e Minerva Foods (frigorífico). Já entre as franquias, a Showcolate (doces) foi a mais internacionalizada, seguida por Linkwell (design gráfico) e Localiza (aluguel de carros).
O estudo mostra também que há uma tendência de as empresas brasileiras se internacionalizarem nos próximos anos. Em 2010, o índice de transnacionalidade era de 16%, percentual que subiu para 17% em 2011 e para 18% em 2012. A margem de lucro no exterior é menor do que a doméstica, mas está crescendo. Em 2010, a margem de lucro no mercado interno foi de 15,5% e, no externo, de 11,82%. Em 2012, a margem de lucro no Brasil foi de 13,85% e, no exterior, de 13,75%.
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O cálculo feito pela Fundação para determinar o índice de internacionalização de uma empresa segue o método adotado pela Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento). Nesta conta, dividem-se os ativos, receita e funcionários da companhia no exterior pelos mesmos índices no Brasil até se alcançar o índice de internacionalização da empresa. Quanto maior o índice, mais internacionalizada é a companhia.
O estudo trouxe também um ranking de empresas de acordo com a quantidade de países em que elas atuam. Este levantamento é liderado pela mineradora Vale, que atua em 31 países. A América do Sul é o principal destino das empresas que se internacionalizam: 77,78% delas estão em países da região; 69,4% estão na América do Norte; 53,97% na Europa; 41,27% na Ásia; 33,33% na América Central e Caribe; 30,16% na África; 23,81% no Oriente Médio; e 11,11% na Oceania.
Política externa
A edição deste ano do ranking calculou ainda os efeitos da política externa do Brasil no desempenho das empresas. A maioria das companhias afirmou que a criação de linhas de crédito para financiar projetos externos, negociar a redução de barreiras alfandegárias e buscar destaque para o Brasil no exterior são os fatores que mais influenciam no processo de internacionalização.
Por outro lado, obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas ou atuar como mediador de conflitos estrangeiros, ações consideradas relevantes para a política externa brasileira, não afetam o processo de internacionalização das empresas brasileiras, segundo a pesquisa.