O golpe de Estado de hoje (18) no Níger foi o 14º na África somente nesta década, entre tentativas bem-sucedidas e fracassadas em 11 países. Antes, a mais recente derrubada de um governo de forma violenta no continente tinha sido em Madagascar, em março do ano passado.
Embora os países africanos tenham adquirido mais estabilidade política desde o fim da Guerra Fria, rupturas da ordem constitucional ainda são frequentes, mais que em outras regiões do mundo. Em média, foram dois golpes ou tentativas por ano, num continente que tem 53 países.
Em 2003, dois golpes militares derrubaram os governos de países de língua portuguesa: São Tomé e Príncipe, presidido por Fradique de Menezes, e a Guiné-Bissau, então sob o presidente Kumba Ialá. No mesmo ano, foram tentados, sem sucesso, golpes na República Centro-Africana e na Mauritânia.
Ao todo, foram 14 golpes ou tentativas em 11 países diferentes desde 2003
Em março de 2004, militares rebeldes ligados ao antigo ditador Mobutu Sese Seko (já falecido) tomaram bases aéreas e navais na capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, na tentativa de derrubar o presidente Joseph Kabila. O país sofreria outro levante em junho do mesmo ano, também derrotado. Outros dois golpes foram tentados ainda em 2004, no Chade e na Guiné Equatorial, mas não tiveram êxito.
Em fevereiro de 2005, o presidente do Togo morreu de infarto fulminante a bordo de um avião e seu filho foi proclamado presidente pelas forças armadas, sem eleições nem processo sucessório, mas o novo governo não obteve reconhecimento internacional. Meses depois, na Mauritânia, uma nova sublevação militar desta vez teve sucesso e substituiu o presidente civil Maaouya Taya por uma junta de generais.
Últimos anos
No Chade, o presidente Idriss Déby sofreu nova tentativa de golpe em março de 2006, enquanto estava em viagem fora do país. O levante foi contido e Déby continuou no cargo. Em Madagascar, o grupo rebelde Forças Armadas Populares Malgaxes tentou derrubar o presidente Marc Ravalomanana em novembro daquele ano, mas também não conseguiu. E o exército da Costa do Marfim declarou ter sufocado uma tentativa de golpe contra o governo de Laurent Gbagbo no mesmo mês.
O ano de 2007 passou sem turbulências políticas mais violentas, mas em 2008 houve um novo golpe bem-sucedido na Mauritânia, com o presidente, o primeiro-ministros e membros do alto escalão sendo presos. Com a morte repentina do presidente Lansana Conté da Guiné, às vésperas do natal, oficiais do exército tomaram o poder mas prometeram convocar eleições.
Finalmente, no ano passado, em Madagascar, Ravalomanana acabou derrubado em um golpe civil-militar liderado pelo prefeito da capital, Antananarivo, um ex-DJ de casas noturnas: Andry Rajoelina, o atual presidente do país.
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