O jornal Libération destaca que mais de 80 atos estão previstos para esse início de semana que promete ser intenso na França. Na noite de domingo (17/11), um comboio de 50 tratores realizou uma primeira carreata e se instalou nos arredores da rodovia N118, em Yvelines, na periferia de Paris.
Entrevistados pelo diário, os agricultores participantes deste primeiro ato fazem coro contra o impopular acordo UE-Mercosul, visto como uma concorrência desleal pela categoria. Libé explica que o tratado prevê aliviar os impostos sobre a importação de produtos sul-americanos, principalmente a carne de gado e frango do Brasil e da Argentina.
No entanto, os pecuaristas franceses alegam que, diante das rígidas normas ambientais europeias que são obrigados a cumprir, seus produtos serão comercializados a preços superiores.
Governo francês sob pressão
A situação suscita mal-estar na França, avalia Libération, a menos de um ano da revolta da categoria que bloqueou as estradas durante semanas no país. O governo francês promete defender o setor e o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, já expressou sua oposição ao tratado à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na semana passada.
Para o jornal Le Figaro, 2024 corre o risco de terminar como começou, com protestos dos agricultores. O diário destaca as promessas de Barnier, que diz que fará tudo o que for possível para apoiar a categoria. Além das ameaças do tratado, o setor enfrenta também importantes quedas nas colheitas devido aos fenômenos climáticos extremos e epidemias sucessivas que castigam os seus rebanhos.
Macron quer impedir a assinatura do acordo
O jornal Le Parisien aborda a falta de apoio da França à oposição ao acordo dentro da União Europeia. Afinal, se a classe política francesa se posiciona em peso contra o tratado, ele tem forte apoio do resto do bloco.
Neste domingo (17/11), o presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu com o chefe de Estado argentino, Javier Milei, em Buenos Aires, a quem afirmou que não assinará o compromisso, mas especialistas duvidam que a França consiga virar a mesa.
O principal empecilho é a determinação da Comissão Europeia encerrar uma novela que já dura mais de 20 anos. Outros defensores do acordo UE-Mercosul, a Alemanha e a Espanha prometem não baixar a guarda diante da rebelião francesa, afirma Le Parisien.
O motivo, segundo o diário, é que a maioria dos países do bloco, liderados por Von der Leyen, veem o compromisso como um vetor de crescimento e uma garantia diante das ameaças protecionistas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.