Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, divulgaram uma pesquisa que mostra que os oceanos estão sendo cada vez mais rapidamente infestados por águas-vivas, algumas com mais de dois metros de diâmetro e pesando 200 quilos. A causa, segundo o documento, se deve principalmente a atividades humanas como a poluição e a pesca excessiva.
Proliferação de águas-vivas no Japão – Y.Taniguchi/Niu Fisheries Cooperative
De acordo com o cientista australiano Anthony Richarson, um dos responsáveis pelo estudo, apesar de a densa agregação das águas-vivas ser uma característica natural e saudável do ecossistema marinho, “foi observado nos últimos anos um aumento mais severo desses seres pelos oceanos devido a diminuição de seus competidores e predadores”, os peixes.
Na pesquisa, feita em conjunto com o Centro de Pesquisa Marinha do país, consta que a remoção global anual de 100 a 120 milhões de toneladas de vida marinha nas últimas duas décadas está contribuindo significantemente para esse desequilíbrio.
Os principais predadores de águas-vivas são tartarugas, tubarões e atum, mas peixes pelágios pequenos, que andam em cardumes de anchovas e sardinhas, também se alimentam de filhotes de águas-vivas.
“Esse equilíbrio do sistema marinho está se acabando a passos largos”, afirma Richardson.
Além de ações humanas como a pesca excessiva, a pesquisa indica que a translocação e modificação de habitats marinhos(quando o homem muda espécies para novas áreas) e a eutroficação (nutrientes químicos de fertilizantes agrícolas, urbanos e industriais, que alteram e deteriorizam a água de rios e oceanos), também estão promovendo uma multiplicação desses animais e o detrimento da vida e organismos marinhos.
Além disso, ao contrário de outras espécies de peixes, as águas-vivas, representadas por quatro mil espécies, são mais resistentes à modificação do ambiente marinho e à poluição humana que atinge oceanos. Quando nitrogênio e fósforo (vindos dos fertilizantes) vazam para o mar, há falta de oxigênio, as chamadas “zonas mortas”, onde peixes não conseguem sobreviver, mas águas-vivas, sim.
A pesquisa mostra que o aumento crescente de águas-vivas foi notado especialmente no sudeste asiático, no Mar Negro, no Golfo do México e no Mar do Norte.
O problema é tão preocupante que pesquisadores começaram a tentar controlar as populações usando ondas de som para explodir as criaturas, assim como redes especiais que as cortam em pedaços.
Consequências
Até o momento, algumas consequencias observadas dessa invasão mostram que, no Japão, por exemplo, há dificuldade de pescaria e de comércio, uma vez que as águas-vivas gigantes (as Nomuras) são tão grandes que arrebentam redes de pesca , além de deixar os peixes com uma espécie de limo na pele, dificultando a venda.
Próximo a Namíbia, onde a pesca também é intensa e dizimou estoques significantes de sardinhas, a água é hoje dominada por água-vivas. “É como se o colapso das sardinhas diminuísse a pressão predatória das água-vivas e aumentasse suas fontes de alimento (uma vez que peixes e águas-vivas também competem pelo mesmo tipo de organismos marinhos para alimentar-se)”.
Futuramente, a pesquisa aponta outras consequências, como praias terem que ser fechadas, além de afetar diretamente o turismo, economia e atividades sociais.
Os pesquisadores, que investigam uma melhor forma de controlar o aparente caos marinho, alertam que é preciso urgentemente começar a administrar o ambiente oceânico de forma holística e com precaução para prevenir mais exemplos do que poderia ser uma invasão dominante dessas criaturas gelatinosas e cheias de tentáculos em todo o mundo.
“Infelizmente, um estado dominado por águas-vivas não suporta altos níveis tróficos de outros peixes, mamíferos e pássaros marinhos”, disse Richarson.
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