Alemanha acusa Musk de tentar influenciar as eleições no país

O governo alemão acusou o bilionário Elon Musk de tentar influir nas eleições federais que o país realizará em fevereiro. A acusação foi feita por um porta-voz do governo de Berlim nesta segunda-feira (30/12), depois que o empresário publicou diversas mensagens de apoio ao partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD, por sua sigla em alemão).

“De fato, Elon Musk está tentando influenciar a eleição federal”, disse o porta-voz do governo, fazendo a ressalva que “afinal, a liberdade de opinião também inclui as maiores bobagens”.

Friedrich Merz, líder da oposição democrata-cristã e favorito para suceder o atual chanceler Olaf Scholz como chanceler, classificou os comentários de Musk de “intrusivos e pretensiosos”.

Musk é considerado o homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. Em suas redes sociais, o magnata disse que se sente no direito de opinar sobre a política alemã por ter “investimentos significativos” no país.

A Alemanha realizará eleições federais no dia 23 de fevereiro, depois do colapso da coalizão que sustentava o governo de Olaf Scholz.

Musk: ‘Só a AfD pode salvar a Alemanha’

Elon Musk, que deve assumir importante papel no novo governo de Donald Trump, fez vários posts de apoio ao AfD na sua conta na plataforma X, que é de sua propriedade. Em um desses comentários, ele disse que “só a AfD pode salvar a Alemanha”. Além disso, neste sábado (28/12), ele publicou um artigo de apoio ao partido ultradireitista na edição online do jornal alemão Welt am Sonntag.

A publicação do artigo provocou a demissão, em protesto, da editora de opinião do diário e, em algumas horas, gerou mais de 340 comentários. Nele, Musk elogiou as propostas da AfD de desregulamentação do mercado e redução de impostos e negou que a AfD seja um partido de extrema direita, já que entre suas lideranças há homossexuais assumidos.

No dia 21 de dezembro, Musk pediu a renúncia de Scholz após um atentado na cidade de Magdeburgo, no qual um carro atropelou mais de 200 pessoas numa feira de natal, matando cinco pessoas. O motorista do veículo era um psiquiatra saudita islamofóbico que agiu em protesto pela política migratória da Alemanha, por considerá-la muito permissiva.

O governo saudita havia advertido as autoridades alemãs que esse cidadão era um extremista e um perigo potencial. Ele chegou a ser investigado pelo governo alemão, mas nenhuma medida foi tomada.

Ultradireita está em segundo lugar nas pesquisas

O partido AfD aparece m segundo lugar em boa parte das pesquisas de opinião, atrás apenas da conservadora União Democrata Cristã (CDU, por sua sigla em alemão), liderada por Merz.

Diante desse cenário, os principais partidos alemães de centro anunciaram um acordo para tentar barrar uma vitória do AfD, no qual se comprometem a não formar alianças com a sigla de extrema direita após oas eleições.

Para contornar a crise econômica da Alemanha, a AfD propõe a saída do país da União Europeia (após um referendo), a abolição do euro e volta do marco alemão, além da redução da dívida do país por meio do corte dos gastos públicos com proteção climática e das contribuições a instituições internacionais.