O vice-comandante das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), o major-general Yair Golan, declarou nesta quarta-feira (04/05) que vê em Israel “sinais” do que ocorreu na Europa antes e durante a Segunda Guerra, incluindo na Alemanha nazista. O general falou em uma cerimônia pela ocasião do Dia de Lembrança do Holocausto.
“Se existe algo que me amedronta sobre a memória do Holocausto é reconhecer os processos revoltantes que ocorreram na Europa em geral, e particularmente na Alemanha, lá atrás — há 70, 80 e 90 anos — e encontrar sinais deles entre nós hoje em 2016”, disse Golan.
EFE
Jovens israelenses participam de cerimônia em Jerusalém no Dia de Lembrança do Holocausto
“Não há nada mais fácil do que odiar o estranho, nada mais fácil do que atiçar medos e intimidar. Não há nada mais fácil do que se comportar como um animal e agir de modo dissimulado”, afirmou. “No Dia de Lembrança do Holocausto, nós precisamos discutir nossa habilidade de desenraizar as sementes da intolerância, da violência e da autodestruição”.
Para Golan, o Holocausto “deve nos fazer refletir profundamente sobre a responsabilidade de liderança, sobre a qualidade da sociedade e deve nos guiar para o pensamento fundamental sobre como nós, aqui e agora, tratamos o estranho, o órfão e a viúva e todos que são como eles”.
NULL
NULL
Lideranças políticas e militares de Israel se manifestaram sobre as afirmações de Golan, que causaram desconforto em muitos nomes do governo chefiado por Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro isralense. O ministro da Educação de Israel, Naftali Bennett, rechaçou as declarações de Golan, que classificou como “um erro que deve ser corrigido imediatamente”, enquanto o ministro da Justiça, Ayelet Shaked, disse que o militar estava “confuso”. Já o líder da oposição de centro-esquerda, Isaac Herzog, elogiou Golan e disse que ele demonstrou “moralidade e responsabilidade”.
Por meio de um comunicado divulgado na madrugada desta quinta-feira (05/05), Golan disse que não teve a intenção de criticar o governo, nem comparar as forças de segurança israelenses e o país ao que ocorreu na Alemanha nos anos 1930 e 1940. Segundo a nota, a comparação é “absurda e infundada”.
Segundo apuração da imprensa israelense, após a declaração, Netanyahu afirmou que a fala de Golan é “inaceitável” em telefonema para o ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, que disse ter “total confiança” em Golan.
Ainda de acordo com fontes ouvidas pela imprensa local, Netanyahu se mostrou satisfeito com o comunicado emitido após as críticas. Oficiais das forças de segurança afirmaram que o comunicado não teve influência da reprimenda do primeiro-ministro e que o teriam redigido independentemente da postura de Netanyahu.