O presidente da Bolívia, Luis Arce, realizou um discurso nesta quinta-feira (24/10), durante a reunião de chefes de Estado, na jornada de encerramento da 16ª Cúpula do BRICS, na cidade de Kazan, na Rússia.
Em sua intervenção, o mandatário sul-americano enfatizou a criação do sistema de pagamentos BRICS Pay, que busca oferecer uma alternativa para o comércio internacional que utilize apenas as moedas nacionais dos países envolvidos, sem a utilização do dólar norte-americano.
“A hegemonia do dólar deve acabar”, frisou Arce, que descreveu a atual edição da cúpula do BRICS como “um novo amanhecer para muitos países que anseiam pelo fim do sistema de Bretton Woods, o qual já domina as relações econômicas globais desde 1945, e que em todos esses anos só serviu para favorecer as potências ocidentais, criando uma ‘camisa de força’ para os países em desenvolvimento”.
A declaração aconteceu horas depois do anúncio do país como um dos novos “países-parceiros” do bloco. A nova categoria foi criada para agilizar o processo de expansão, servirá como etapa intermediária antes da adesão como membro pleno.
Além da Bolívia, outros 12 países também foram aceitos: Argélia, Bielorrússia, Cazaquistão, Cuba, Indonésia, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
“O BRICS é uma prova tangível da possibilidade de criar uma nova ordem mundial, mais equilibrada e mais justa”, acrescentou Arce, que também destacou o fato de a ampliação do bloco priorizar o ingresso de países da América Latina, África e Ásia.
NDB e industrialização
Em outro momento do seu discurso, Arce falou sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, por sua sigla em inglês), instituição comandada pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
“O NDB é fundamental para o financiamento de iniciativas que promovam o desenvolvimento equitativo e sustentável”, comentou o mandatário boliviano.
Arce lembrou que a Bolívia possui a maior reserva de lítio do mundo, além de significativas reservas de gás natural e minerais diversos, e que espera, com a adesão do país ao bloco, produzir um impulso ao projeto de industrialização do país.
“Estamos em um processo de industrialização que pode beneficiar não só a Bolívia, mas também os nossos parceiros do BRICS”, afirmou o presidente do país sul-americano.
Ao finalizar sua intervenção, ele disse que “É imperativo que o BRICS se posicione como um ator chave na construção de um mundo mais justo, onde as decisões não estejam monopolizadas por poucos”.