Apesar de o ETA ter promovido uma média de um atentado a cada mês e mesmo depois dos dois ataques dessa semana, os espanhóis não adotam uma postura de medo e preferem não mudar sua rotina por causa das ameaças terroristas.
O professor Luis Pablo, morador de Madri, diz que não é possível controlar tudo e que os sistemas de segurança não podem eliminar todas as possibilidades de novos atentados, mas nem por isso chega a ter medo. “Pode passar a qualquer momento, causado por eles (integrantes do ETA) ou por outros. Mas eu creio que é igual que em qualquer país”.
Trabalhadores do governo de Luka, no país Basco, fazem protesto silencioso – Adrian Ruiz de Hierro/EFE (30/07/2009)
“Estamos acostumados a esses atentados, mas eles não são dirigidos a população civil. Seu objetivo é político e eles têm claro quais são seus alvos”, diz a cozinheira Maria Carmen de La Fuente. “É só uma forma de chamar a atenção”, afirma a estudante Emma Colinas, “nas férias de verão é habitual colocar bombas em zonas de praias, mas somente para plantar o medo”.
Para o professor de Comunicação e especialista em Relações Internacionais e terrorismo, Alfonso Merlos, “os espanhóis nunca tiveram medo dos terroristas, mas sim reservas, prudência e incerteza porque o terrorismo não busca gerar apenas medo, mas também intranqüilidade”.
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O Euskadi Ta Askatasuna (País Basco e Liberdade, em português) foi fundado por universitários dissidentes do Partido Nacionalista Basco (PNV, sigla em espanhol) durante a ditadura do general Francisco Franco. Descontentes com a passividade do PNV e contrários ao regime de Franco, os militantes nacionalistas e socialistas criaram o ETA, que se baseava em quatro premissas básicas: a defesa do euskera (um dos idiomas oficiais da Espanha, falado no País Basco), o etnicismo, o antiespanholismo e a independência dos territórios onde hoje são as Comunidades Autônomas de País Basco e Navarra – ambas no norte da Espanha – e três províncias no sul da França.
Nos primeiros anos, o grupo se fortaleceu e se autodefiniu como “uma organização clandestina revolucionária”, que defendia a luta armada como meio de conseguir a independência do País Basco (Euskadi). Desde então, o ETA cometeu 856 assassinatos e deixou milhares de feridos.
Em 50 anos, o grupo declarou dez tréguas. A última foi em 2006, no primeiro mandato do presidente José Luis Rodríguez Zapatero. O período de nove meses de paz terminou com o atentado no estacionamento do Terminal 4 do Aeroporto de Barajas, em Madri, quando dois equatorianos foram mortos.
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