As histórias dos chilenos que partiram por terra rumo ao Brasil para ver a Copa do Mundo são parte do combustível que moveu a caravana da torcida da “La Roja de Todos”. Histórias de dificuldades, de superação, histórias pitorescas e algumas que explicam como a obstinação levou essas pessoas a se jogarem no rumo dessa aventura. A reportagem de Opera Mundi conta aqui algumas delas, e como elas lidaram também com as dificuldades que essas pessoas vem enfrentando e vencendo, no afã de concretizar o sonho de ver o Mundial:

Leia os outros relatos sobre a caravana chilena rumo à Copa:
Restaurantes e postos argentinos aproveitam e lucram com invasão chilena 
Terceiro dia de caravana chilena tem crise interna e atraso por problemas mecânicos
Chuva e neve obrigam mudança de planos na caravana chilena ao Brasil
“Seremos a maior torcida estrangeira da Copa”, diz organizador de caravana chilena

Em nome do pai

Miguel Rubio não gosta muito de futebol. As poucas vezes que foi ao estádio foi para acompanhar o pai — torcedor fanático do Santiago Morning. A perda dele e o fim de um relacionamento levaram Miguel a meses de uma crise interna. A melhor forma de superá-la foi idealizar uma aventura que o tirasse da rotina. Comprou um furgão e o batizou “Super Rubio”, e decidiu partir em direção à Copa, onde iria assistir o jogo Chile x Austrália.

Victor Farinelli/Opera Mundi

O furgão de Miguel e pelo menos outros vinte veículos, pertencentes ao grupo mais retrasado da caravana, mudaram seus planos  

Os diversos problemas que enfrentou no norte da Argentina, com os subornos pedidos pelos policiais argentinos, e os cortes nas estradas pelos rios que transbordaram próximos à fronteira com Foz do Iguaçú (devido às fortes chuvas na região no começo da semana), o fizeram perder tempo e dinheiro.

O furgão de Miguel e pelo menos outros vinte veículos, pertencentes ao grupo mais retrasado da caravana, mudaram seus planos na quarta à noite, e decidiram não ir mais à Cuiabá (onde o Chile estreia, na sexta 13, contra a Austrália), e partiram rumo a São Paulo, para ver a inauguração da Copa. Pretendem se reunir novamente com os demais no dia 16, no Rio de Janeiro, para tentar ver o segundo jogo da La Roja, contra a outro time “rojo”, a Espanha. Miguel sonha entrar no Maracanã especialmente com a camiseta de seu pai. “Ele adoraria estar aqui, era fanático por futebol, estou fazendo isso um pouco por ele, e com ele, porque ele está me acompanhando e me ajudando a vencer cada dificuldade do caminho”, conta.

Não vai ter emprego

Eduardo Basaure era arquiteto em uma das importantes empresas construtoras chilenas. Diz que ama o seu trabalho, mas não a ponto de impedir de realizar o sonho de ver o Chile numa Copa junto com a família. Quando surgiu a oportunidade de acompanhar a caravana, pediu ao chefe tirar férias em junho, mas não foi atendido. Então pediu uma licença remunerada, depois uma não remunerada, e com a terceira negativa não restou outra alternativa senão pedir demissão.

Partiu para Cuiabá com o pai e dois irmãos. Eduardo garante que tem dons premonitórios. Antes do sorteio, apostou com os amigos que o Chile cairia no grupo da Espanha, e acertou. O confronto com os atuais campeões é a sua próxima profecia: vamos ganhar por 1×0, gol de Gary Medel, 48 do segundo tempo.

Busão colombiano

O grupo mais atrasado da caravana chilena teve um encontro inesperado com de torcedores colombianos, que estavam acompanhando sua seleção na preparação em Buenos Aires, e agora segue em direção a São Paulo, para assistir os jogos. Alguns desses torcedores já estão há seis meses viajando pelo continente.

Victor Farinelli/Opera Mundi

Grupo mais atrasado da caravana chilena teve um encontro inesperado com de torcedores colombianos

São da torcida organizada do Atlético Nacional de Medellin, e foram a todos os jogos do clube na Copa Libertadores da América, em Porto Alegre (contra o Grêmio), Rosario (contra o Newell´s Old Boys), Belo Horizonte (contra o Atlético Mineiro) e em Montevidéu (contra o Nacional e o Defensor Sporting, time que eliminou os colombianos, nas quartas de final da competição).

Agora, eles voltam a Belo Horizonte, para ver a estréia da Colômbia, contra a Grécia, no sábado (15/06). O encontro entre chilenos e colombianos foi amistoso, pelo menos até o momento em que a conversa foi sobre quem ganharia um possível encontro entre as seleções durante o torneio.

Primeiro objetivo cumprido

Apesar dos problemas enfrentados por alguns grupos retrasados, cerca de 300 veículos conseguiram chegar em Cuiabá na noite desta quarta-feira (11/06), e se espera que outros muitos consigam chegar até a sexta à tarde, para poder assistir a estréia chilena, nessa mesma sexta, contra a Austrália, na Arena Pantanal. O jogo começará às 18h.