Em entrevista a um programa transmitido pela Rádio Nacional da Venezuela (RNV), o ministro do Interior do país, Diosdado Cabello, afirmou que tem participado de reuniões com autoridades da Colômbia com o objetivo de elaborar um plano de cooperação para enfrentar a onda de violência que tem afetado a região norte da fronteira entre os dois países.
A declaração faz referência ao conflito que eclodiu na região de Catatumbo, no nordeste da Colômbia, desde o dia 16 de janeiro, que já registra mais de 80 mortes e que vem causando um deslocamento massivo da população: se estima que mais de 32 mil civis estão migrando para outras regiões, e alguns deles estão buscando cruzar a fronteira para o lado venezuelano.
Nos primeiros dias, o governo de Caracas chegou a oferecer ajuda humanitária aos deslocados colombianos, o que gerou reações por parte de Bogotá, que considerou a iniciativa como uma crítica direta às iniciativas do governo de Gustavo Petro de buscar um acordo de paz com o grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN), uma das forças envolvidas no conflito.
Na entrevista, à RNV, o ministro Cabello disse que o governo venezuelano “é movido apenas pela solidariedade e pelo fator humano, que são os valores que o nosso comandante Hugo Chávez passou ao presidente Nicolás Maduro, e que todos seguimos”.
Sobre a tensão entre Caracas e Bogotá, Cabello acusou a “mídia colombiana de direita” de pressionar o governo de Petro. “É algo comum na imprensa de lá, usar um tema interno deles para atacar o seu próprio governo, do qual eles são contra, e envolver a Venezuela nessa narrativa, sempre mentido ao seu povo”, criticou o ministro.

Ministro venezuelano Diosdado Cabello disse que país se colocou à disposição da Colômbia para ajudar em conflito no norte do país vizinho
Cabello disse que não existe ainda um acordo de cooperação sobre o tema, mas sim ofertas apresentadas pelo governo de Nicolás Maduro.
“O presidente (Maduro) ordenou que nos coloquemos à disposição da Colômbia e foi o que fizemos. Estamos prontos para ajudar assim que alguns detalhes forem acertados”, completou.
Por parte do governo colombiano, o presidente Gustavo Petro afirmou nesta quinta-feira (23/01) que “está sendo elaborado um plano de ação conjunto que busca fechar todo o espaço de atuação na fronteira”.
O mandatário explicou que o plano consiste em ações militares e policiais coordenadas para enfrentar ações de grupos como o ELN e também de quadrilhas do narcotráfico.
No entanto, Petro não se referiu a uma possível colaboração entre os países para tratar os casos de colombianos que tentem cruzar a fronteira rumo à Venezuela.