A Alemanha parece se aproximar cada vez mais de eleições antecipadas depois do colapso da coalizão tripartite de governo em Berlim. O chanceler alemão, Olaf Scholz, já admite se submeter a uma moção de confiança no parlamento até o final do ano, abrindo caminho para novas eleições.
Em entrevista à TV alemã na noite deste domingo (10/11), o chanceler alemão Olaf Scholz admitiu que pode se submeter a uma moção de confiança no parlamento ainda em dezembro. Semana passada ele tinha proposto que isso ocorresse em 15 de janeiro e que novas eleições deveriam ser realizadas em março.
Mas desde que ele demitiu na quarta-feira passada seu ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner – dando fim a uma turbulenta coalizão de governo entre verdes, liberais e social-democratas, marcada por frequentes brigas sobretudo em torno dos rumos da política econômica –, o chanceler alemão vem sofrendo grande pressão pela organização de novas eleições quanto antes.
E isso só é possível após a moção de confiança no parlamento alemão, na qual seria confirmado que o governo não tem mais maioria para governar, levando o presidente alemão a dissolver o parlamento e convocar novas eleições no país.
Alemães têm pressa
Pesquisa de opinião divulgada semana passada indica que a maioria dos alemães quer novas eleições o mais rápido possível. Uma sondagem do instituto Infratest-Dimap revelou que 65% dos eleitores apoiam a convocação imediata de eleições gerais, enquanto 33% concordam com a proposta do chefe de governo alemão, de que elas sejam realizadas em meados de março.
A oposição também quer que as eleições sejam realizadas rapidamente e acusa o chanceler de tentar adiar o pleito devido ao fraco desempenho dos social-democratas nas pesquisas de intenção de voto.
Membros de destaque do Partido Verde, que atualmente divide o poder com os social-democratas em um governo de minoria, também se disseram a favor de que a moção de confiança já ocorra em dezembro.
Popularidade em queda
A popularidade do governo Scholz tem estado em queda já há algum tempo, essa queda é acompanhada pela ascensão dos conservadores e sobretudo do partido de extrema direita AfD, que tem obtido repetidas vitórias eleitorais em eleições regionais na Alemanha e também nas eleições europeias de junho passado.
De acordo com uma pesquisa divulgada neste domingo, o partido do chefe de governo alemão, o SPD, conseguiria apenas 15% dos votos. Já os conservadores da ex-chanceler Angela Merkel se firmariam como a maior força política no parlamento, com 32%. A legenda de extrema direita AfD ficaria em segundo lugar, com 19%.
Os outros membros da aliança de governo da gestão Scholz também alcançariam números fracos. O Partido Verde conseguiria 10%, enquanto os liberais do FDP, que deixaram agora a coalizão, só obteriam 4%. Esse número não seria suficiente para que a sigla permaneça no Parlamento. Já o partido populista de esquerda BSW teria 7%, segundo a sondagem.
Momento “Kamala Harris”
Apesar do fracasso de sua coalizão de governo e da sua popularidade em queda, Scholz deixou claro na entrevista dada à televisão neste domingo que também tem interesse em que a nova eleição ocorra quanto antes, entre outras coisas, porque ele quer um novo mandato como chefe de governo.
A liderança de seu partido SPD, também reiterou que o chanceler alemão será candidato a reeleição. Mas as pesquisas de opinião apontam o atual ministro da Defesa, Boris Pistorius, como o nome mais forte da sigla para liderar a campanha eleitoral.
Segundo uma sondagem do instituto Forsa, 57% dos eleitores são a favor de que Pistorius seja o candidato dos social-democratas, enquanto apenas 13% apoiam Olaf Scholz.
Também 58% dos próprios eleitores do SPD são favoráveis que Pistorius seja o candidato do partido ao posto de chanceler alemão, enquanto 30% dos social-democratas apoiam uma nova candidatura de Scholz.
O resultado não surpreende, já que há meses as pesquisas têm apontado o ministro da Defesa como o político mais popular do país. E diante da impopularidade de Olaf Scholz, já há quem especule sobre um possível “momento Kamala Harris”, sugerindo uma troca de última hora por um candidato como melhor potencial de atrair votos – como ocorreu nos Estados Unidos, quando o presidente Joe Biden abriu mão de sua candidatura à Casa Branca em favor de sua vice-presidente.