Atualizada às 18h48
Cinco ministros e outros funcionários do governo do presidente da Argentina, Alberto Fernández, colocaram na tarde desta quarta-feira (15/09) seus cargos à disposição três dias após a coalizão de direita macrista conquistar resultado positivo nas eleições primárias do país.
O ministro do Interior, Eduardo “Wado” de Pedro, foi o primeiro a oferecer sua ao renúncia mandatário, seguido pelos titulares das pastas da Justiça, Martín Soria, da Ciência, Roberto Salvarezza, do Meio Ambiente, Juan Cabandié, e da Cultura, Tristán Bauer.
Até o momento do fechamento desta reportagem, Fernández não havia aceitado nenhuma renúncia dos ministros e funcionários. Segundo o jornal Clarín, o presidente teria aceitado a renúncia de Eduardo de Pedro. No entanto, a informação não foi confirmada oficialmente pela Casa Rosada.
Vilma Ibarra, secretária de assuntos legais da Presidência, afirmou que Fernández “não aceitou nenhuma renúncia”, declarando que os pedidos de demissão estão “em sua consideração”, no qual informará sua decisão “no momento necessário”.
Pelo Twitter, o presidente afirmou que o governo deve “escutar a mensagem das urnas e agir com responsabilidade”, declarando não ser a “hora” de “surgir disputas” que desviem do “compromisso assumido em dezembro de 2019”.
“Eu ouvi meu povo. A arrogância e a prepotência não se aninham em mim. A gestão governamental continuará a desenvolver-se da forma que considero apropriada. Foi para isso que fui escolhido. Farei isso sempre convocando o encontro entre os argentinos”, disse.
Uma manifestação em defesa do governo de Fernández estava sendo organizada para a tarde desta quinta-feira (16/09), mas a marcha foi suspensa. De acordo com o jornal Página/12, o próprio presidente pediu que o ato não fosse realizado pois, para ele, a “prioridade” dos movimentos sociais é seguir “trabalhando junto com a população”.
Casa Rosada
Pelo Twitter, Fernández afirmou que o governo deve ‘escutar a mensagem das urnas e agir com responsabilidade’
“Valorizo o gesto das organizações sociais e de todos que manifestaram sue afeto impulsionando uma mobilização em meu apoio. Mesmo assim, prefiro que toda essa força que implica uma manifestação dessa magnitude seja canalizada para construir a épica militância que ajude aos argentinos a desvendar o dilema que nos foi apresentado em novembro”, afirmou Fernández.
Em carta endereçada ao presidente, o ministro do Interior disse que, “escutando as palavras” de Fernández no domingo (12/09), após as primárias, “a melhor forma de colaborar” com as possíveis mudanças no país seria “colocando minha demissão à sua disposição”.
Na ocasião, o mandatário falou ser necessário trabalhar com empenho por justiça social, já que há uma Argentina “para construir”. Com os cargos à disposição, Fernández recebeu apoio de governadores, prefeitos e líderes do mundo sindical e empresarial.
A coalizão governista Frente de Todos obteve cerca de 31% da preferência em nível nacional, enquanto a aliança oposicionista Juntos pela Mudança chega a 40%.
Ao Página/12, Gildo Onorato, um dos integrantes do Movimento Evita que estava convocando a marcha, disse que o “objetivo neste momento tão crítico” é mostrar o apoio do povo ao presidente. “Consideramos que as intrigas palacianas nada têm a ver com as respostas que se deve dar à sociedade”, afirmou. A marcha será remarcada para outro momento.
Segundo a agência de notícias argentina Télam, as renúncias ocorreram depois de um ato em que o presidente presidiu juntamente com o ministro da Economia, Martín Guzmán.
Na ocasião, ao apresentar a conta de investimento em hidrocarbonetos, Guzmán destacou a necessidade de “ouvir o povo” para resolver seus problemas e destacou que “ainda há questões muito sérias a serem resolvidas” no campo econômico, como o pagamento de dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
(*) Com Télam.