O presidente interino do Peru, Manuel Merino, renunciou ao cargo neste domingo (15/11), após a morte de dois manifestantes durante os protestos da noite deste sábado que marcaram o 6º dia consecutivo de manifestações no país.
Merino, então chefe do Parlamento, havia assumido a presidência em 10 de novembro, logo após o impeachment de seu antecessor, Martín Vizacrra, e ficaria no cargo até as eleições gerais de abril de 2021.
“Apresento minha renúncia irrevogável ao cargo de presidente da República”, declarou, em pronunciamento a nação. Com apenas cinco dias no cargo, o agora ex-presidente interino era pressionado a renunciar pelo mesmo Congresso que o levou ao poder.
Segundo o jornal peruano El Comercio, Merino retornará a seu cargo de parlamentar, já que ocupou a presidência do país de forma interina. Ainda de acordo com o periódico, o Congresso deverá se reunir para escolher uma nova Mesa Diretora que deve decidir o próximo presidente do Peru.
Nas horas anteriores à renúncia, diversos ministros do governo provisório já haviam entregado seus cargos por causa da violência contra manifestantes.
Depois da destituição de Vizcarra, milhares de pessoas tomaram as ruas de Lima para protestar contra o Congresso, que já havia tentado aprovar um impeachment em setembro passado. No sábado (14/11), a tensão chegou ao auge com a morte de dois manifestantes pela repressão praticada pela polícia.
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Manuel Merino havia assumido o cargo na última terça-feira depois do Congresso peruano destituir Martín Vizcarra
Um dos mortos é Inti Sotelo Camargo, 24 anos, estudante de hotelaria e turismo que faleceu em um pronto-socorro de Lima. O pai da vítima afirmou que o corpo tinha quatro marcas de tiros. O outro morto também era um jovem estudante, Bryan Pintado Sánchez, de 22 anos.
“Lamento profundamente as mortes ocorridas por causa da repressão feita por esse governo ilegal e ilegítimo. Minhas condolências aos familiares desses heróis civis que, exercendo seu direito, saíram em defesa da democracia e em busca de um país melhor”, escreveu Vizcarra no Twitter.
O ex-presidente sofreu impeachment em 10 de novembro, graças aos votos de 105 dos 130 deputados peruanos, que alegaram “incapacidade moral” de Vizcarra por supostos subornos recebidos quando ele era governador de Moquegua, em 2011. O então mandatário negou ter recebido propina e disse que as acusações não encontram respaldo na Justiça e no Ministério Público.
*Com ANSA