O ajuste econômico “duro” implementado pelo governo de Javier Milei formou na Argentina novos 1,5 milhão de trabalhadores formais pobres, de acordo com os dados concedidos pelo Instituto de Pensamento e Políticas Públicas (IPYPP, por sua sigla em espanhol) ao jornal argentino El Destape.
A matéria publicada nesta segunda-feira (30/05) destaca que a pesquisa feita pelo economista Claudio Lozano, chefe do IPYPP, foi inspirada nos números que foram divulgados na semana anterior e retrataram o aumento da pobreza e da indigência no país platino.
Na quinta-feira (26/09), o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) revelou que, durante o primeiro semestre de 2024, 52,9% dos argentinos viviam na pobreza, enquanto 18% na miséria. Ou seja, dos 24,8 milhões de pessoas pobres, 8,5 milhões eram indigentes. Portanto, houve um aumento de 11,2 e 6,2 pontos percentuais, respectivamente, em relação ao segundo semestre de 2023.
Já de acordo com o IPYPP, a pobreza passou de 38,6% para 54,9% da população entre o terceiro trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024. Nesse período, a pobreza afetou 7,8 milhões de novas pessoas, enquanto o número de trabalhadores formais pobres cresceu de 13,7% para 29,4%. Ou seja, dos 7,8 milhões de novos pobres, 1,5 milhão eram trabalhadores formais.
O jornal El Destape afirma que “é claro que praticamente todos esses 1,5 milhão de novos assalariados formais pobres são atribuíveis às políticas de ajuste de Milei”.
O veículo também trouxe outros dados levantados pelo Indec, em pesquisas que mostraram que em outubro de 2023, os salários na Argentina cresceram 8,3%, igualando-se à inflação. Em novembro de 2023, os salários cresceram 9,1%, atrás da inflação de 12,8% daquele mês. No entanto, o jornal revelou que, em dezembro, a inflação bateu 25,5%, enquanto os salários cresceram apenas 8,9%.
Nesse sentido, o veículo destacou que o aumento da pobreza no país durante o primeiro semestre de 2024 foi provocado, mais do que pelo aumento do desemprego, pelo atraso dos salários reais e a aceleração da inflação.
“Não houve tantas demissões formais. Você tem 5 milhões de novos pobres e os novos desempregados são 250.000 pessoas, é muito pouco em proporção. O que acontece é que a renda do trabalho de todos basicamente se tornou uma bola”, explicou Daniel Schteingart, economista da Fundar, ao El Destape.