Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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Sindicatos e movimentos sociais convocaram milhares de manifestantes, que foram às ruas de Buenos Aires para protestarem contra o governo do presidente Javier Milei. Na quarta-feira (25/06), representantes de trabalhadores reuniram profissionais de saúde e servidores públicos, que se uniram à causa dos aposentados, que lutam pelo aumento do valor das pensões. Nesta quinta (26/06) é a vez de professores universitários e estudantes.

A manifestação foi organizada sob os lemas “soberania, trabalho e salários justos” e declarou oposição ao governo do presidente Javier Milei.

Os protestos ocorreram em clima de tensão e com reivindicações salariais para diferentes setores frente à política econômica do governo argentino, que defende corte de gastos e superávit fiscal.

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Os profissionais de saúde do hospital infantil Garrahan, de Buenos Aires, reivindicaram aumentos salariais. Liderados por médicos residentes, todos os cerca de 4.000 funcionários do hospital participaram do protesto e iniciaram uma greve de 24 horas.

Na versão do governo, a greve é promovida por “alguns poucos sindicalistas privilegiados”.

Os residentes do Garrahan recebem mensalmente salários de cerca de US$ 600,00 (algo em torno de R$ 3.300,00) mensais.

Na Argentina, uma família precisa receber, no mínimo, US$ 1.000,00 mensais para não ser considerada pobre.

Desemprego

O presidente Milei viu o desemprego subir para 7,9% no primeiro trimestre de 2025. Isso significa um índice 1,5% maior do que o registrado no trimestre anterior. Uma das consequências é que parte da população argentina teve o poder de compra reduzido, principalmente entre funcionários públicos e aposentados.

Na quarta, os manifestantes se reuniram em frente ao Ministério da Desregulamentação Estatal, antes de se juntarem à manifestação dos aposentados, que protestam semanalmente às quartas-feiras em frente ao Parlamento contra a queda do poder aquisitivo.

População argentina protesta contra políticas do governo de Javier Milei

População argentina protesta contra políticas do governo de Javier Milei
Gage Skidmore

“Estou aposentada há um ano e recebo exatamente o mesmo valor que recebia quando comecei”, lamentou Alicia Torroija, que recebe o equivalente a US$ 270,00, valor pouco maior do que a aposentadoria mínima. Aos 78 anos, ela sobrevive graças à ajuda dos filhos.

A manifestação semanal de aposentados tornou-se um ponto de partida para vários protestos contra a desregulamentação e a austeridade do governo ultraliberal de Javier Milei.

Protestos não param

Na quinta-feira, as universidades públicas, por intermédio de professores e estudantes, se mobilizam contra os cortes de verbas que afetam salários, pesquisas, bolsas de estudo e manutenção universitária.

Um grupo de cerca de 60 universidades e sindicatos convocou uma greve de 48 horas do corpo docente.

Governo Milei acaba com feriado

O governo, por sua vez, anunciou que continua sua “cruzada contra um culto ao estatismo que pertence ao passado”, eliminando o feriado de 27 de junho que na Argentina é, desde 2013, o Dia do Trabalhador do Estado. Nessa data é celebrada a adoção da Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assinada em 1978.

“É essencial resgatar o valor da cultura do trabalho em todo o país, o que pode ser alcançado tanto por meio de políticas públicas de longo prazo, quanto por meio de pequenas decisões concretas. O Estado não é um lugar onde se possa desfrutar de um período sabático ou de qualquer outro privilégio que os trabalhadores do setor privado não tenham”, disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, anunciando o fim do feriado.

O ministro da Desregulamentação Estatal, Frederico Sturzenegger, disse que o governo Milei acabou com 50.591 empregos públicos, sendo 29.499 na administração centralizada e descentralizada, 5.500 em militares e agentes de segurança e outros 15.592 em empresas estatais.