A ex-primeira-dama da Argentina, Fabiola Yañez, afirmou, neste domingo (11/08), que sofria “terror psicológico” por parte de seu marido, o ex-presidente do país Alberto Fernández, acusado de cometer violência física e mental contra a então esposa.
Em entrevista ao portal de notícias argentino Infobae, Yañez revelou que o ex-chefe de Estado ameaçava “suicidar-se” caso a mulher revelasse a violência doméstica. “Ele me intimidava o tempo todo”, declarou a vítima.
A jornalista também falou sobre suas fotos com hematomas no rosto e no braço publicadas pela mídia local. Segundo ela, está “envergonhada por seu filho”, que se chama Francisco e tem dois anos de idade.
“Nunca quis que fossem publicadas imagens minhas deste jeito. Que mulher gostaria de se ver assim em todos os jornais?”, questionou.
Diante disso, a promotoria argentina instou os profissionais da mídia e da comunicação “a evitarem a divulgação de imagens de Yañez vinculadas a atos de violência de gênero” com o “objetivo de prevenir sua revitimização”.
A ex-primeira-dama de Fernández também confessou não se sentir segura em Madri, na Espanha, onde mora atualmente com Francisco. “Tenho medo de voltar para casa. Hoje colocaram bloqueadores no meu carro para que eu não pudesse dirigir”, revelou.
Yañez também destacou que os vídeos que mostram a infidelidade conjugal do ex-líder argentino “são apenas uma pequena parte perto de tudo o que ele me fez”.
A ex-primeira-dama argentina, testemunhará novamente perante o Judiciário na próxima terça-feira (13/08).
Denúncia contra violência doméstica
A denúncia contra Alberto Fernández por “violência física” e “terrorismo psicológico” foi apresentada na última terça-feira (06/08) por Yañez por videoconferência, perante o juiz federal Julián Ercolini.
As violências contra Yañez teriam acontecido durante o mandato presidencial de Fernández, entre 2019 a 2023, quando o casal habitava a casa da Presidência argentina, Quinta de Olivos.
Após a apresentação oficial da denúncia de violência de gênero, medidas restritivas foram impostas ao político, como o impedimento de deixar o país. Além disso, a residência do ex-presidente da Argentina no bairro nobre de Puerto Madero, em Buenos Aires, foi alvo de uma operação de busca e apreensão.
A polícia apreendeu o celular e o tablet pessoais do ex-presidente em busca de novas provas de violência doméstica.
Além das fotos de Yáñez, a imprensa argentina também divulgou conversas de WhatsApp nas quais Fernández não desmente as agressões e é chamado de “louco” pela então companheira.
Agora, a justiça argentina busca testemunhas para o caso. Segundo o juiz Fabian Ercolini e o policial militar Carlos Rivolo, que acompanham as investigações, “é impossível que nenhum funcionário da residência presidencial de Olivos, onde aconteceram as supostas violências, não tenham presenciado nada”.
Os investigadores também buscam confirmar a veracidade das afirmações de Yañez sobre sua tentativa de denúncia aos responsáveis pelo Ministério da Mulher, criado durante o governo de Fernández. “Fui ao Ministério para pedir socorro, mas ninguém me ajudou”, disse a ex-primeira-dama sobre as tentativas de denúncia.
O ex-líder da Argentina nega todas as acusações de violência doméstica. Em entrevista ao site El Cohete a La Luna, Fernández afirmou que os hematomas no rosto e no braço da ex-esposa foram causados por um “tratamento estético para rugas”.
Além disso, ele questionou o fato de a mulher ter se submetido a um tratamento de fertilidade quando eram casados. “Se eu sou um agressor, por que ela fez um tratamento de fertilidade para ter um filho?”, contestou o ex-presidente, que afirmou nas redes sociais que “irá apresentar provas e testemunhas do que realmente aconteceu”.
Nas redes sociais, a ex-presidente e ex-aliada de Fernández, Cristina Kirchner, afirmou que as fotos da ex-primeira-dama e as conversas de WhatsApp “denunciam os aspectos mais sórdidos e obscuros da condição humana”.
“A misoginia, o machismo e a hipocrisia, pilares que sustentam a violência contra a mulher, não têm bandeira partidária e atravessam toda a sociedade”, salientou.
(*) Com Ansa e TeleSUR