A Justiça da Argentina condenou nesta quarta-feira (07/08) o
ex-vice-presidente e ex-ministro da Economia Amado Boudou a cinco anos e dez
meses de prisão no âmbito do Caso Ciccone. Boudou ocupou a vice durante o
segundo governo de Cristina Kirchner (2011-2015).
Segundo a acusação, Boudou teria participado da compra
irregular da empresa Ciccone Calcográfica, que imprimia papel-moeda para o
Estado e teria sido salva da falência com a operação. Boudou teria usado sua
influência política na compra da empresa, da qual, depois, adquiriu 70% das
ações.
O Tribunal Federal Oral da capital argentina negou todos os
argumentos de nulidade apresentados pela defesa de Boudou e condenou-o por suborno
e negociações incompatíveis com a função pública.
Boudou sempre negou as alegações. Segundo o jornal Página/12, o ex-vice afirmou que “jamais” negociou a compra da Ciccone, seja diretamente ou por terceiros, e que o ônus da prova foi “invertido” durante o juízo. Ele também refutou as acusações de suborno. “A situação de suborno não tem correlação com nenhuma das provas”, disse a defesa.
Além do ex-vice-presidente, foram condenados também o empresário Núñez Carmona, o advogado Alejandro Vandenbroele, o ex-chefe de assessores da AFIP (a Receita Federal argentina) Rafael Resnick, o ex-funcionário do Ministério da Economia Guido Forcieri e o antigo dono da gráfica, Nicolás Ciccone. Parte destes poderão comutar a pena para trabalho comunitário – o que não é o caso de Boudou.
Em junho de 2014, pela primeira vez desde a restauração da democracia na Argentina, o então vice-presidente foi intimado a prestar depoimento como acusado perante a Justiça. À época, a oposição pediu a renúncia de Boudou e o governo de Cristina Kirchner falou em “perseguição sistemática e linchamento midiático”. Em 2017, Boudou chegou a ser preso, acusado de enriquecimento ilícito.