A exigência de licenças prévias para a importação de 800 produtos brasileiros não deve ser revista pelo governo da Argentina, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Jorge Taiana. Tampouco o Brasil pretende adotar algum tipo de retaliação.
Com as licenças não automáticas de importação impostas nos últimos meses, a liberação da entrada de produtos chega a demorar até 60 dias. Elas valem para sete setores: linha branca (geladeiras, por exemplo), linha marrom (eletrônicos), autopeças, calçados, têxteis e confecções, vidros e siderúrgicos. Logo após se reunir com o chanceler brasileiro Celso Amorim, ontem (17), Taiana afirmou aos jornalistas que essa medida não tem caráter protecionista ou restritivo.
Antes de sair de Buenos Aires com direção a Brasília, o chanceler havia ressaltado que não é segredo que o comércio bilateral teve uma redução significativa – as vendas brasileiras teriam caído mais de 48%, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), citados pelo site do jornal Página 12.
Também o déficit comercial da Argentina nas trocas com o Brasil é considerado grande pelo governo do país vizinho (US$ 4,5 bilhões em 2008). “Certamente é um motivo de consideração e de preocupação, e assim vamos trabalhar esses temas e buscar resolvêlos, porque certamente nós temos o compromisso de defender o interesse nacional e, neste caso, a produção e o emprego argentinos”, acrescentou Taiana.
Amorim: sem unilateralismo
Apesar de criticar a política de licenças prévias e não automáticas adotada pelo país vizinho, Celso Amorim disse que o Brasil prefere não adotar nenhuma represália à postura argentina. Ele afirmou que esse tipo de medida é contraproducente. “Nossa expectativa é que através dessas conversas se encontrem formas mutuamente acordadas que evitem medidas de caráter unilateral”.
A declaração do chanceler vai de encontro ao que foi dito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem. Ele afirmou acreditar que medidas protecionistas só servem para agravar a crise econômica e destacou que prefere uma reunião para solucionar as divergências no comércio bilateral do que adotar medidas punitivas de dentro do gabinete.
Por isso, Lula determinou que fossem revogadas as medidas tomadas no final de janeiro, que exigiram, durante dois dias, licenças para três mil dos nove mil produtos importados pelo Brasil, que podiam demorar até dez dias para serem liberadas.
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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, exigiu represálias contra a Argentina pela aplicação de medidas de controle ao comércio. De acordo com o portal G1, a Fundação ProTejer, que reúne industriais têxteis argentinos, criticou em nota a reação de Skaf e disse que as medidas afetam apenas 4% do universo da produção brasileira.
* Colaborou Diego Llumá, de Buenos Aires
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