A Argentina rejeitou o “Pacto do Futuro”, assinado no último domingo (22/09), no âmbito da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, pela maioria dos países para impulsionar reformas globais, com foco em governança mundial e desafios emergentes.
Segundo a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, a iniciativa busca abrir caminho para uma reforma do Conselho de Segurança para transformá-lo em uma entidade “mais representativa e inclusiva”.
O documento que a Argentina não assinará, que prorroga os prazos da agenda 2030 até 2045, inclui “linhas mestras” partilhadas pelos signatários sobre questões como mudanças climáticas, segurança, direitos humanos e governança global.
Estes são aspectos com os quais o governo ultraliberal de Milei não concorda, tendo em vista que prega uma agenda ultraconservadora.
“Agendas como estas são constituídas por aspirações juridicamente não vinculativas e cada Estado tem o direito de interpretá-las respeitando suas políticas e prioridades nacionais. Muitos dos pontos desta agenda são retardatários pela agenda da Argentina e isso nos leva a nos dissociar”, explicou Mondinho.
A declaração foi dada horas antes do discurso do presidente argentino, Javier Milei, que está em Nova York para fazer sua estreia no debate geral da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima terça-feira (24/09).
Segundo a imprensa argentina, Milei não verá o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano na corrida pela Casa Branca, Donald Trump, em Nova York, principalmente por temer uma vitória da democrata Kamala Harris, nas eleições de novembro.
Uma eventual da atual vice-presidente dos EUA dificultaria as negociações em Buenos Aires com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Desta forma, Milei decidiu distanciar-se do magnata.
Já nesta segunda (23/09), o líder argentino voltará a encontrar-se com um “amigo”, o bilionário Elon Musk, que faz campanha explícita pelo candidato republicano. No seu discurso de terça, Milei deverá criticar as políticas da ONU nos últimos anos e questionar, como é habitual, as políticas de gênero e de diversidade e também as políticas ambientais, incluindo a agenda 2030 que a organização promove e acompanha, que será alargada no “Pacto do Futuro”.