Atualização às 16h10
A Frente Sindical das Universidades Nacionais (FSUN) realiza nesta quinta-feira (10/10) uma greve geral em repúdio ao veto do presidente Javier Milei ao orçamento universitário mantido pelo Parlamento do país em votação, na última quarta (09/10).
Planejando 24 horas de paralisação de docentes e alunos a partir das 11h, em frente ao Congresso, a FSUN denuncia que “a vontade popular foi desiludida e a democracia cedeu à gestão anti republicana de governar por decreto”.
📍Este miércoles 9 de octubre decimos: NO AL VETO DE MILEI!
Por la Ley de Financiamiento Universitario. Porque No hay universidad pública de calidad sin salarios dignos.#CONADU es la Federación Nacional de Docentes Universitarios más grande y representativa del sector. pic.twitter.com/t5dnUdq6Yd
— CONADU (@PrensaCONADU) October 8, 2024
“Formou-se uma aliança política que não se deixa comover pelo sofrimento das grandes maiorias, pela exigência de todos os setores de apoiar o que é fundamental: a educação pública”, afirma o texto.
Assim, convida todos a “consolidar o plano de luta em defesa do salário e do orçamento universitário” e lutar “pela defesa da universidade pública, da saúde, educação pública, aposentadoria digna, juventude protegida e um país igualitário”, diante da realidade de que 70% dos professores universitários do país recebem salários abaixo da linha da pobreza, de acordo com a secretária-geral da Federação Nacional dos Docentes Universitários (Conadu), Francisca Staiti.
O Conselho Nacional Interuniversitário (CIN) repudiou os votos dos deputados responsáveis por manter o voto de Milei. Em sua análise, “viraram as costas às universidades públicas apoiando o seu desfinanciamento”.
🇦🇷 🗣 Comunicado del @CINoficial del 9 de octubre de 2024 https://t.co/otV1wG8OdP pic.twitter.com/BJPIZn53fb
— CIN (@CINoficial) October 9, 2024
As universidades e seus funcionários também se pronunciam. Segundo o jornal local Pagina12, a Associação do Pessoal da Universidade de Buenos Aires (UBA) declarou estar “de luto”.
Já um grupo de estudantes, professores e pesquisadores da Universidade Nacional de Salta assumiram as instalações da Reitoria do prédio logo após a finalização dos votos no Congresso. De acordo com o grupo, seu ato de protesto é “um gesto de geminação com a luta das universidades nacionais de todo o país, em defesa dos direitos públicos, da educação e em resposta ao ataque radical dos representantes da democracia” que “encurralaram a educação pública em todas as suas formas”, veiculou a imprensa argentina.
Mencionando cortes em financiamentos de pesquisa, os representantes da Universidade de Salta apelaram às demais faculdades que se juntem à luta. Lembraram também que este não é apenas um “golpe econômico, mas também cultural”, uma vez que “as universidades têm espaço para livre desenvolvimento de ideias contrárias aos discursos de Milei”.
Fora dos protestos, o presidente argentino foi vaiado em Buenos Aires ao realizar uma visita a um comércio na Avenida Callao. De acordo com a imprensa local, Milei foi chamado de “traídor do país”.
Nas manifestações de quarta-feira, sete pessoas, incluindo um menor de idade, foram detidos pela repressão policial após os protestos em frente ao Congresso, segundo o Pagina12.
Todos foram acusados de “ataque e resistência à autoridade”, e um dos detidos também foi acusado de “danos à propriedade”. Já o adolescente foi liberado poucos minutos após, sem ser levado à delegacia.
Veto de Milei mantido
A Câmara dos Deputados da Argentina avaliou nesta quarta-feira (09/10) o veto do presidente Javier Milei ao projeto de lei que aumentaria o financiamento das universidades públicas. Porém, a decisão da maioria foi de respaldar a decisão do mandatário e barrar o reajuste.
A votação terminou com 160 parlamentares se posicionando de forma favorável ao veto de Milei, enquanto 84 se colocaram contra. Os que se abstiveram foram apenas cinco.
A Lei de Financiamento Universitário foi uma iniciativa das bancadas opositoras ao governo, que terminou sendo aprovada no Congresso em 12 de setembro. O projeto previa um aumento do orçamento das universidades públicas para sustentar gastos básicos das entidades estudantis, incluindo o reajuste salarial dos servidores de acordo com a inflação, depois que essa verba foi cortada em maio, com a aprovação da Lei Bases, medida com a qual Milei impôs um severo ajuste do gasto público argentino.
A lei aprovada em setembro recebeu o veto do presidente argentino no dia 2 de outubro, decisão que foi tomada apesar de um protesto multitudinário realizado naquele mesmo dia, em Buenos Aires – meios locais estimaram a participação em mais de 100 mil pessoas.
Por sua vez, Milei respalda seu veto por meio das redes sociais em uma afirmação que chamou atenção por um erro matemático, durante uma discussão justamente pela defesa da educação.
Universidad Nacional de Rosario
Alumnos: 85.000
Empleados: 10.500
¿8 empleados por cada alumno?
Se los dejo para pensar… https://t.co/2EXp987PUx— Javier Milei (@JMilei) October 10, 2024
Em uma tentativa de atacar a Universidade Nacional de Rosário pelo seu número de funcionários, o mandatário declarou que a faculdade tem 85 mil alunos e 10.500 colaboradores, concluindo que são “8 funcionários para cada aluno”. Contudo, a conta correta seria 1 funcionário a cada 8 alunos. A informação foi posteriormente corrigida por Milei.
(*) Prensa Latina